Chegada de material apreendido na DHC - Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
Chegada de material apreendido na DHCReginaldo Pimenta / Agência O DIA
Por RAI AQUINO
Rio - O militar do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Correa foi preso, na manhã desta quarta-feira, durante uma ação que investiga os assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes. Ele, que foi encontrado em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, é suspeito de ter participado do sumiço das armas que podem ter sido usadas no crime.
A prisão do militar foi feita pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e pelo Ministério Público estadual (MPRJ) durante a Operação Submersus 2, que investiga o sumiço de armas do PM reformado Ronnie Lessa. O advogado de Maxwell, que está desde 1998 no Corpo de Bombeiros e é lotado no Grupamento de Busca e Salvamento da Barra, acompanhou sua prisão. 
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Os agentes ainda cumpriram 10 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Maxwell e outras quatro pessoas. Na casa do bombeiro, que não se manifestou ao ser capturado, foram apreendidos documentos e celulares.
Maxwell já tinha sido alvo de um mandado de busca e apreensão na investigação em uma operação realizada um dia depois da prisão de Lessa, no dia 13 de março do ano passado.
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"É importante ressaltar que essa prisão ratifica a decisão acertada dos ministros do STJ no sentido de não federalizar a investigação do caso Marielle e Anderson e manter essa investigação aqui com a Delegacia de Homicídios", destacou o delegado Felipe Curi, subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil.
Um policial militar também foi alvo dos mandados de busca e apreensão e teve o telefone recolhido. De acordo com a promotora Simone Sibilio, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MPRJ (Gaeco), o PM, que não teve a identificação revelada, é muito amigo de Lessa.
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Lessa foi preso no dia 12 de março do ano passado, juntamente com o ex-PM Élcio Queiroz. Os dois são apontados como os responsáveis por atirar contra a vereadora e seu motorista.
Maxwell Simões Correa - Reprodução

QUATRO COMPARSAS
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De acordo com as investigações, um dia após a prisão de Lessa e Élcio, Maxwell ajudou Elaine Pereira Figueiredo Lessa e Bruno Pereira Figueiredo, esposa e cunhado de Ronnie, respectivamente; José Marcio Mantovano, o Márcio Gordo; e Josinaldo Lucas Freitas, o Djaca, a ocultar armas e acessórios pertencentes a Lessa. O material estava em um apartamento do PM no Pechincha, além de outros locais ainda desconhecidos.
Elaine, Bruno, José Marcelo e Josinaldo foram presos durante a primeira fase da Operação Submersus, em outubro do ano passado.
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O papel de Maxwell no sumiço das armas foi ceder o veículo utilizado para guardar o vasto arsenal bélico, entre os dias 13 e 14 de março de 2019, para que o armamento fosse jogado em alto mar depois. Pelo menos seis fuzis foram lançados no mar da Barra da Tijuca, na altura do Quebra-Mar. O carro usado atualmente é da esposa de Lessa, mas já esteve com o bombeiro.
"É importante ressaltar que esse caso até hoje já levou à prisão 61 pessoas. É uma marca emblemática e a gente trabalha diuturnamente para concluir o caso tão logo", reforçou o delegado Daniel Rosa, titular da DHC, dizendo que espera uma solução breve para o caso.
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O delegado diz ainda que Maxwell é grande amigo de Lessa.
"São duas pessoas extremamente ligadas tanto na vida do crime, quanto na vida na social", enfatiza.
A Corregedoria do Corpo de Bombeiros participou da ação - Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
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OBSTRUÇÃO DE JUSTIÇA
Para o MPRJ, o bombeiro e os quatro comparsas praticaram o crime de obstrução de Justiça, que "prejudicou de maneira considerável as investigações em curso e a ação penal deflagrada na ocasião da Operação Submersus, na medida em que frustrou cumprimento de ordem judicial, impedindo a apreensão do vasto arsenal bélico ali ocultado e inviabilizando o avanço das investigações".
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"Nós temos imagens, medidas cautelares que foram implementadas ao longo dessa investigação, provas testemunhais, dados, análise de vínculos", enumera Rosa, sobre a coleta de provas para prender Maxwell.
Até hoje, a arma usada para matar Marielle e Anderson não foi encontrada, segundo o Ministério Público "em razão das condutas criminosas perpetradas pelos cinco denunciados".
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A Corregedoria Interna e o Serviço Reservado do Corpo de Bombeiros acompanharam a prisão de Maxwell.
"A instituição aguarda as informações solicitadas sobre o processo para abrir procedimento interno. Na esfera criminal, a competência é do Poder Judiciário. O Corpo de Bombeiros repudia veementemente todo e qualquer ato ilícito. A corporação segue à disposição para colaborar com as autoridades", a corporação informou, em nota.
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De sua casa no Recreio, Maxwell foi levado para a sede da DHC, no bairro vizinho da Barra.
Sobre o mandado de busca e apreensão contra um policial militar, a PM disse que a 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) participou da ação.
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"Cabe ressaltar que a diligência não foi feita nas dependências do 9º BPM e que o policial não é lotado nesta unidade", a corporação reforçou, sem dizer qual o batalhão do militar.