Carlos Duboc é superintendente da Secretaria Estadual de Saúde - Reprodução da TV Globo
Carlos Duboc é superintendente da Secretaria Estadual de SaúdeReprodução da TV Globo
Por BEATRIZ PEREZ e RAI AQUINO
Rio - A Secretaria estadual de Saúde disse que vai exonerar o superintendente de Orçamento e Finanças da pasta, Carlos Frederico Verçosa Duboc, preso preventivamente na manhã desta quarta-feira, durante a terceira fase da Operação Mercadores do Caos. Duboc é um dos investigados por desvios na compra de respiradores durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19) no Rio.
A ação de hoje foi feita pelo Ministério Público estadual (MPRJ) e pela Polícia Civil. Além de Duboc, que foi encontrado em casa, em Pendotiba, Niterói, o empresário Anderson Gomes Bezerra também foi capturado. Bezerra foi preso em sua residência, em Andaraí, na Zona Norte do Rio.
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Além das prisões, também foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão, quatro no Rio e cinco em Brasília. Na capital federal, a ação foi conduzida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Todos os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada da Capital do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ).
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AUTORIZAÇÃO DE DESPESAS
De acordo com as investigações, na Secretaria de Saúde, Duboc respondia diretamente a Edmar Santos, que foi exonerado do cargo em meados de maio, por suspeitas de irregularidades na gestão de contratos para a construção de hospitais de campanha no estado. Duboc autorizava as despesas da pasta, como a compra de respiradores.
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A Secretaria de Saúde alegou que desde o último dia 3, "todos os poderes para ordenações de despesas da secretaria foram delegados somente ao secretário Fernando Ferry". Ferry assumiu a pasta no dia 18 de maio, após a saída de Edmar.
R$ 18 MILHÕES DESVIADOS
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A Operação Mercadores do Caos, que teve sua primeira fase realizada no dia 7 de maio e a segunda no dia 13, investiga uma organização criminosa que desviou mais de R$ 18 milhões dos cofres públicos do governo do estado. O valor era destinado para a compra de respiradores para o tratamento de pacientes graves durante a pandemia.
"Passados mais de dois meses da data de entrega dos respiradores comprados emergencialmente, sem licitação, nenhum equipamento foi entregue pelas empresas, nem o dinheiro devolvido aos cofres públicos", alega o MPRJ.
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Sobre as ações contra representantes da pasta, a Secretaria estadual de Saúde disse que "reforça o compromisso de transparência e de lisura na gestão pública e se coloca à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos a respeito dos fatos".
A reportagem tanta contato com as defesas de Carlos Duboc e Anderson Bezerra.
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INVESTIGADOS
Até o momento, 11 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público no âmbito da Mercadores do Caos. O grupo é apontado como responsável por montar uma organização criminosa dentro da Secretaria estadual de Saúde, mantendo uma estrutura ordenada em núcleos, com divisão de tarefas.
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Segundo o MPRJ, a quadrilha foi formada para desviar para si e terceiros, ainda não identificados, verbas no valor de R$ 36.922.920,00 do governo o estado. O montante foi anunciado, dentre outras coisas, para a compra de respiradores para atender pacientes com covid-19.
As irregularidades investigadas estão em contratos firmados entre o governo do estado e três empresas:
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. ARC Fontoura, de quem o estado comprou 400 produtos
. A2A Comércio e Serviços e Representações: 300
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. MHS Produtos e Serviços: 300
Até o momento, foram entregues apenas 52 dos 400 respiradores comprados com a ARC Fontoura, mas os equipamentos não são indicados para o tratamento da covid-19.
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Veja os investigados até o momento:
1. Gabriell Carvalho Neves Franco dos Santos: ex-subsecretário executivo estadual de Saúde, preso na primeira fase da operação
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2. Gustavo Borges da Silva: ex-subsecretário estadual de Saúde, preso na primeira fase
3. Cinthya Silva Neumann: sócia da ARC Fontoura, presa na primeira fase
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4. Aurino Batista de Souza Filho: dono da A2A, preso na primeira fase
5. Glauco Octaviano Guerra: representante da MHS, preso no dia seguinte à primeira fase pela PF, em Belém (PA)
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6. Mauricio Monteiro da Fontoura: dono da ARC Fontoura, preso na segunda fase
7. Paula Alessandra Rodrigues de Oliveira Ayres: com prisão preventiva

8. José Domingos Ayres da Fonseca: com prisão preventiva
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9. Wagner Macedo de Souza: com prisão preventiva
10. Carlos Frederico Verçosa Duboc: preso hoje
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11. Anderson Gomes Bezerra: preso hoje
Em nota, a Prefeitura do Rio informou que Carlos Frederico Verçosa Duboc é concursado do município desde 1999, tem cargo efetivo de analista de planejamento e orçamento da Secretaria Municipal de Fazenda. Em 1º de janeiro de 2019, foi cedido para o governo do Estado para exercer o cargo comissionado de Superintendente de Orçamento e Finanças da Secretaria Executiva da Secretaria de Estado de Saúde.
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"A cessão do servidor foi um pedido do secretário de Saúde do Estado, sendo autorizada ato contínuo pela gestão municipal. A prisão nesta quarta-feira (17/06) se deve a ações relacionadas à investigações no âmbito estadual", disse a Prefeitura do Rio.

Segundo a prefeitura, a exoneração e, consequentemente, a suspensão do pagamento de salários depende de condenação pela Justiça e se, nos autos da condenação, for determinada a perda do cargo e de função pública, como determina o Estatuto do Servidor, Lei n°94, de 14 de março de 1979.