"Agora que alguns paradigmas estão sendo quebrados, as pessoas estão se adaptando para serem produtivas em casa. Uma das necessidades que aparece é um espaço para que ela consiga trabalhar e se concentrar, sem ter distrações", explicou o empresário João Vianna, um dos cofundadores da Loft. Ele destacou também alguns fatores para o crescimento da procura por imóveis maiores: "a relação das pessoas com as suas casas está mudando, as pessoas querem mais espaço. Também observamos o aumento da demanda das reformas, muita gente tem procurado orçamentos com as novas necessidades, que estão surgindo com o tempo que as pessoas estão ficando em casa".
A intérprete Anna Vianna trabalha com a tradução simultânea de eventos, conferências e até mesmo a premiação do Óscar, e precisou adaptar um estúdio para trabalhar direto da sua casa. "Eu já queria criar desde o ano passado a interpretação remota, então já tinha comprado um equipamento de som e computador. Com a chegada da pandemia, adaptei proteção acústica nas janelas e nas estantes para evitar os ruídos, até ligo para os porteiros para não interferirem durante as traduções", ela explicou. Quando se trata de demandas, a intérprete garantiu que tem trabalhado muito mais, e precisou fazer melhorias no seu equipamento: "poucos intérpretes tem um home studio, então surgiram muitas oportunidades. Comprei mais equipamentos, contratei mais internet, e comprei um nobreak, para evitar a queda de internet durante os eventos".
Os professores também estão se desdobrando para suprir a falta das salas de aula. Marcelo Mattos é cofundador e professor da oficina de redação palavra mágica, em Niterói, e contou como tem se virado: "tive que organizar um canto da minha casa para trabalhar, montei uma mesa e comprei uma luz para melhorar a qualidade da imagem, até brinco com os meus alunos que virei youtuber". No entanto, o esquema de trabalho remoto de Marcelo deu tão certo, que uma nova turma foi criada para ter aulas exclusivamente à distância, "depois de algum tempo que estamos nos adaptando a essa realidade, surgiu essa turma 100% virtual, alguns alunos nem moram em Niterói, então nem temos expectativa de ir para o presencial", ele concluiu.
Para alguns, como o repórter Mingos Lobo, a solução foi transformar a sala de jantar em escritório. "Quando a surgiu a necessidade de ter um espaço para trabalhar, resolvi tirar a mesa e as cadeiras, para ter mais conforto. Peguei uma televisão para usar como monitor, trouxe minha cafeteira, e criei um bom espaço", afirmou Mingos.
Para aumentar a produtividade, sem perder a cabeça, a especialista deu algumas dicas: "Mantenha seu horário de trabalho como se você fosse de fato para o escritório. Preste atenção também nos seus intervalos, o horário de almoço por exemplo, não deve ser negligenciado". Por fim, é importante tirar o pijama: "nosso cérebro entende rituais. Geralmente você tem uma rotina de acordar, tomar café, se trocar. Então se você decide trabalhar de pijama, seu corpo não entende que você mudou de momento, continua lento. Ter a disciplina, é o que mantém a funcionalidade", orientou.