Deputado estadual Waldeck Carneiro - Alerj
Deputado estadual Waldeck CarneiroAlerj
Por Gabriel Sobreira
Rio - O anúncio da saída de Fernando Ferry da Secretaria estadual de Saúde não surpreendeu os deputados que se debruçam sobre o impeachment do governador Wilson Witzel (PSC) na Assembleia Legislativa (Alerj). Ferry disse, nesta segunda-feira, que vai entregar sua carta de exoneração a Witzel ainda hoje.
"Na quinta-feira passada, durante reunião promovida pelas comissões para investigar os contratos na área de saúde, percebi o ex-secretário muito inseguro quanto à tomada de decisões relacionadas à efetivação de pagamentos, contratos, prorrogações e adiantamentos, tendo em vista as denúncias, as fragilidades que cercam esses instrumentos contratuais", afirma Waldeck Carneiro (PT-RJ), que faz parte da comissão especial que analisa o pedido de afastamento do governador.
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Segundo o deputado, ainda no encontro, Ferry chegou a falar que tinha uma pessoa de sua total confiança para examinar os contratos e que não admitiria qualquer tipo de irregularidade. Carneiro conta ainda que a decisão de sair do ex-secretário pode ter sido também motivada pela gravidade da situação da saúde no estado.
"O hospital de campanha de São Gonçalo está em uma área que alaga quando tem qualquer chuva. O de Nova Iguaçu fica em uma área que pertence à Aviação Civil, é uma área de aeroporto. O hospital de Casimiro de Abreu fica nos fundos de um outro hospital, que está quase pronto. Talvez fosse mais interessante terminar o hospital ao invés de se fazer um outro, sendo que de campanha", pontua o parlamentar.
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Waldeck acrescenta ainda que diante de todas as irregularidades para a implantação dos hospitais de campanha do estado, Ferry tenha preferido não ver seu nome no imbróglio.
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"Diante de tudo isso, acho que ele preferiu não correr risco de colocar o seu nome, a sua trajetória acadêmica, o seu CPF, neste imbróglio, confusão, festival de problemas em que se transformou a gestão da saúde estadual em plena pandemia. Face a reunião de quinta-feira passada, não chega a surpreender, mas coloca a gestão de saúde do estado em uma crise ainda maior", pontuou.
Deputada Martha Rocha - Paulo Carneiro / Parceiro/Agência O Dia
'WITZEL TEM MUITO A EXPLICAR'

Nas redes sociais, Martha Rocha (PDT), que preside a comissão da Alerj que fiscaliza os contratos do estado na área da Saúde, também falou sobre a saída de Ferry.
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"É o segundo secretário que deixa a pasta durante a pandemia. Isso amplia a importância da apuração rigorosa dos fatos que têm colocado a Saúde do Rio nas páginas policiais", escreveu.
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Renan Ferreirinha (PSB-RJ), relator da comissão especial do impeachment, também usou uma conta virtual para falar do episódio.
"Ferry é o segundo secretário de Saúde a sair na pandemia. O primeiro caiu após suspeitas de corrupção. Agora, Ferry sai sem ter feito nada de útil. Quinta passada disse à Comissão Especial da covid-19, da qual sou relator, que saia se houvesse interferência política. Witzel tem muito a explicar", frisa.