Aldeia de São Mata Verde Bonita, em Maricá, está fechada por conta da pandemia - Divulgação
Aldeia de São Mata Verde Bonita, em Maricá, está fechada por conta da pandemiaDivulgação
Por Anderson Justino

O melhor ritual indígena para se livrar do novo coronavírus é manter o isolamento social e seguir as medidas de segurança determinadas pelas organizações de Saúde. A decisão foi tomada pela cacique Jurema Nunes Oliveira, em guarani Tara Rete Yry, líder da aldeia de São Mata Verde Bonita (Tekoa Ka'Aguy Ovy Porã), em Maricá. A medida evitou uma onda de contaminação entre os 76 índios guaranis que residem ali. A mesma sorte não sorriu para os nativos da aldeia Sapukai, em Angra dos Reis, na Costa Verde do estado, onde a Secretaria Municipal de Saúde confirmou 30 casos da covid-19.

A primeira líder mulher da aldeia de Maricá confirmou que os índios passaram por exames no dia 10 de junho e nenhum deles apresentou resultado positivo para covid-19. Desde o início da pandemia a aldeia foi fechada para visitação e apenas moradores e profissionais da área da Saúde circulam por lá. A aldeia sobrevive da agricultura, da pesca e da venda de artesanatos produzidos por eles.

"A gente sente falta de poder mostrar nossa cultura, mas uma doença como essa pode destruir nossa aldeia. A gente escuta falar em coronavírus, mas nós não sabemos direito o que é isso. Comemos o que produzimos aqui. Apenas uma pessoa pode sair da aldeia para fazer compras. Passamos a usar álcool gel na higienização. Modificamos nossas vidas para preservar a saúde de cada um. Aqui é cada um na sua oca", explica a líder.

ALDEIA SAPUKAÍ 

A Prefeitura de Angra dos Reis confirmou 30 casos de covid-19 na aldeia indígena que fica numa região montanhosa, às margens da BR-101 - Rodovia Rio-Santos -, no bairro Bracuí. Cerca de 500 índios vivem no local. 

Entre os diagnosticados está o líder da aldeia, o cacique Domingos Venite, 69 anos, que apresentou os primeiros sintomas no último dia 14. Segundo a secretaria de Angra, o caso dele é o mais grave. Venite está internado no CTI do centro de referência para tratamento de pacientes com covid-19, montado na Santa Casa. Ele respira com a ajuda de aparelhos.

Em nota, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e de Direitos Humanos (SEDSODH) informou que atualmente sete aldeias indígenas estão cadastradas no sistema do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (Cedind). Ao todo, 1.060 índios que vivem nesses locais.

 

Casos em outras aldeias
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A situação dos povos indígenas, por conta da prevenção da covid-19, varia pelo país. No município de São Miguel, no Paraná, por exemplo, a aldeia Ava Guarani de Ocoy confirmou 24 casos de contaminados e 24 suspeitos. Naquelas terras vivem 210 famílias, com um total de 90 indígenas.
Além dos órgãos públicos, a aldeia conta com a ajuda de colaboradores para tentar frear o avanço do vírus. Nas redes sociais, uma campanha tenta arrecadar materiais de higiene e proteção pessoal para ajudar na luta contra a covid.
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Segundo a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e de Direitos Humanos do Rio, os índios são assistidos pela pasta de Saúde do estado e pelas secretarias dos municípios. 
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