Material apreendido foi levado para a Delegacia de Homicídios da Capital, na Barra - Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
Material apreendido foi levado para a Delegacia de Homicídios da Capital, na BarraReginaldo Pimenta / Agência O DIA
Por RAI AQUINO
Rio - Os milicianos que fazem parte da quadrilha autointitulada Escritório do Crime chegam a cobrar R$ 100 mil por cada execução que praticam. O grupo paramilitar é alvo da Operação Tânatos, que a Polícia Civil e o Ministério Público estadual (MPRJ) fazem nesta terça-feira.
O bando é formado por policiais e ex-policiais matadores de aluguel e age há mais de 10 anos, principalmente na Zona Oeste. Eles são contratados para executarem desafetos de outras organizações criminosas.
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"Os valores (cobrados) são diversos. Dependendo de quem eles iriam matar, eles cobravam valores que podem chegar a mais de R$ 100 mil", conta o chefe do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), o delegado Antônio Ricardo Nunes.
O Escritório do Crime chegou a ser investigado pelas mortes da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz, acusados pelo duplo homicídio, tinham ligação com o bando.
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"O Ronnie Lessa, apesar de ter uma certa aproximação com esses criminosos do Escritório do Crime, nunca de fato teria integrado esse grupo", reforça o delegado Daniel Rosa, titular da Delegacia de Homicídios Capital (DHC), que participa da operação de hoje.
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Dois dos presos nesta terça, os irmãos Leonardo Gouvêa da Silva, conhecido como Mad, e Leandro Gouvêa da Silva, o Tonhão, chegaram a ser ouvidos no inquérito. A Polícia Civil, no entanto, descartou a participação deles no caso.
"Isso foi uma linha de investigação, mas se provou que eles não cometeram esse crime", diz Rosa. "O Escritório do Crime foi investigado, mas ele não foi o responsável pela morte da vereadora".
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Um dos crimes praticados pelo grupo foi a morte de Marcelo Diotti da Mata, assassinado no mesmo dia de Marielle e Anderson, em 14 de março de 2018, no estacionamento de um restaurante na Barra da Tijuca. Diotti já havia sido preso por homicídio e exploração de máquinas de caça-níqueis e era visto como desafeto pelos milicianos.
"Esse crime, no dia que a vereadora Marielle Franco morreu, nós entendemos que foi no incentivo de desvirtuar as nossas investigações. Nós tivemos, inicialmente, uma testemunha que desvirtuou a investigação, dificultando o início desse trabalho, com interesses escusos, inclusive para tomar uma milícia que atua em Jacarepaguá", assinala Antônio Ricardo.