Publicado 02/06/2020 07:39 | Atualizado 02/06/2020 19:02
Rio - A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e o Ministério Público estadual (MPRJ) realizaram, desde as primeira horas da manhã desta terça-feira, a Operação Colônia, contra uma milícia que age em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Foram 24 mandados de prisão preventiva (quatro deles contra pessoas que já estavam presas) e 35 de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada da Capital do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) e pela Auditoria Militar do estado.
Entre os alvos estavam quatro PMs, dentre eles Deltz da Cruz Fonseca, que, além do crime de organização criminosa, também foi indiciado por corrupção passiva. Foram cumpridos 15 mandados de prisão, sendo que dois presos por força da ordem judicial ainda foram presos em flagrante. No carro do policial militar Anderson Gonçalves foram encontrados 10 papelotes de cocaína e em sua casa e no armário funcional (Batalhão de Polícia), os agentes encontraram aproximadamente 80 munições calibre 762 e 556. Também foram apreendidos dois carros de luxo.
O PM Rafael Gomes, do 15º BPM (Duque de Caxias) se entregou na sede da DHC, na Barra da Tijuca, por volta das 10h. Outro homem que foi preso é Samuel Pedrosa, levado à delegacia.
"São policiais militares que estão na ativa e se usam do cargo de agentes públicos para ter vantagens ilícitas, bem como acobertar os crimes que essa quadrilha comete. Alguns foram encontrados nas suas residências, outros não. Aqueles que tomaram ciência da nossa ação fizeram contato com as equipes e prometeram se apresentar no decorrer do dia de hoje", destacou o delegado Antônio Ricardo, chefe do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), afirmando que os PMs fazem parte da liderança do bando.
ATUAÇÃO
De acordo com a denúncia, a quadrilha possui núcleo geral, um local e um de auxiliares. Os principais líderes são Sidney William de Oliveira e Silvânio de Oliveira Barbosa. Eles são irmãos de Sergio Luiz de Oliveira Barbosa, conhecido como Serginho, que foi assassinado em março do ano passado e chefiava o grupo.
O MPRJ apurou que o grupo, que tem como base o Morro do Tirol, na Freguesia, é obrigado a prestar contas à principal milícia de Jacarepaguá, que é chefiada por Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica. Desde que Orlando Curicica foi peso, em outubro de 2017, o PM Anderson Gonçalves de Oliveira, o Andinho, Fabiano Vieira da Rocha, o Fabi, e Almir Rogério Gomes da Silva comandam seus negócios.
Um dos investigados, Anderson Soares de Avelar, o Peixe, trabalha como motorista de transporte alternativo na região e informava sobre a presença de policiais aos outros integrantes do grupo enquanto fazia as rondas e trajetos.
De acordo com a investigações, os milicianos do Morro do Tirol são responsáveis por extorquir moradores e comerciantes da região, com a cobrança de diversas taxas ilegais, como "taxa de segurança", transporte ilegal de passageiros, venda irregular de botijões de gás, desvio de sinal de internet e TV a cabo (gatonet), além de praticarem vários homicídios. Ele também erguem construções irregulares em áreas de proteção ambiental.
"Eles agem da forma clássica que a milícia já vem agindo há algum tempo no Rio de Janeiro, que é cometendo extorsões, ameaças, homicídios, crimes ambientais, parcelamento irregular de solo... toda aquela criminalidade que somos conhecedores desse tipo de ação", frisou o delegado Antônio Ricardo.
IDENTIFICAÇÃO DOS MILICIANOS
As investigações da operação começaram após a morte de Serginho. A partir da apreensão do telefone dele, foi possível identificar os integrantes da milícia e as atividades que eles monopolizam, sempre com o uso violência e ameaça contra as vítimas.
"Nós temos certeza que retirando de circulação esses marginais, o homicídio naquela região, que é o principal índice da segurança pública, que é o crime contra a vida, reduzirá ainda mais", reforçou o chefe do DGHPP.
A ação de hoje contou com a participação da Corregedoria da Polícia Militar.
"A Polícia Militar reafirma que não compactua com quaisquer desvios de conduta que venham a ser cometidos por parte de seus integrantes, apurando com rigor e senso de justiça os fatos denunciados", a corporação informou, em nota.
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