Publicado 05/06/2020 19:04
Rio - Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) continuam recomendando lockdown no estado, caso não haja uma redução rápida na velocidade de transmissão. De acordo com os cientistas da Coppe/UFRJ, o número de infectados no Rio poderá chegar a 71 mil no pico da pandemia, que poderá ocorrer a partir do final da primeira quinzena de junho, entre 12 e 17 de junho. O modelo foi configurado levando em conta que cada pessoa infectada pode transmitir o vírus para outras 2,02 pessoas, em média.
Coordenado pelos professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), membros do Grupo de Trabalho Multidisciplinar da UFRJ sobre a Coronavirus Disease 19 (COVID-19), Guilherme Horta Travassos, da Coppe, Roberto de Andrade Medronho, da Faculdade de Medicina, e Claudio Miceli de Farias, da Coppe e do Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE), o estudo inclui somente os casos de covid-19 confirmados pela Secretaria de Estado de Saúde do estado do Rio de Janeiro.
Capaz de calcular diariamente as previsões com base na evolução dos dados notificados e disponíveis, desde o início da pandemia, a ferramenta prevê o número de pessoas que poderão ser infectadas pela Covid-19, bem como pode estimar o número de óbitos em decorrência da doença no Estado do Rio Janeiro, cuja população é de 17,2 milhões.
“O modelo estima que o número de casos de Covid-19 confirmados no período de pico deverá chegar a cerca de 71 mil casos notificados. De acordo com o modelo utilizado, caso se mantenha o cenário atual, no qual apenas cerca de 40% a 50% da população fluminense segue as orientações de confinamento, o número de óbitos pode chegar a 15,1 mil pessoas ao final da pandemia”, alerta Claudio Miceli, professor do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe e do NCE.
Lockdown imediato para poupar vidas
Os professores defendem lockdown imediato como forma mais eficaz, no momento, para poupar vidas e também evitar o colapso no sistema de saúde. Para se ter uma ideia, a modelagem indica que durante o pico serão necessários 800 ventiladores pulmonares novos funcionando, simultaneamente, sem contar os que já estarão em uso pelos pacientes que adoeceram antes.
O aparente relaxamento no confinamento, observado nas ruas, foi constatado pelo acompanhamento do deslocamento de aparelhos de telefone celular (sem identificação do proprietário), e como resultado o modelo mostra maior número de contágio no período de 16 a 19 dias após o aumento de circulação da população. De acordo com o indicador de mobilidade, o nível de isolamento social que se manteve em média acima de 50% no período de 14/03 a 02/05, começou a decrescer e chegou a 46,4% na semana de 17 a 23/05. Com base neste indicador de mobilidade, os pesquisadores acreditam que o nível de isolamento esteja abaixo de 50%, com o aumento de movimentação nas ruas, a partir de 17/05.
O professor Roberto Medronho, que lidera o Grupo de Trabalho Interdisciplinar para enfrentamento da Covid-19 da UFRJ, explica que as medidas de isolamento social adotadas têm contribuído para reduzir o número de casos, mas que não são suficientes para eliminar a necessidade do Estado do Rio precisar contar com milhares de leitos e inúmeros respiradores.
“A adoção do lockdown é necessária, tendo em vista o comportamento da população até o momento, e a insuficiência de infraestrutura hospitalar do Rio de Janeiro. É a forma mais eficaz de frear a contaminação de pessoas. Os países que adotaram essa medida, como a França, já estão retornando suas atividades. O mesmo já poderia estar acontecendo no Rio de Janeiro, caso isso fosse feito”, lamenta Medronho, acrescentando que caso a vacina não chegue a tempo, enfrentaremos uma segunda onda de epidemia, cujo período ainda não é possível estimar.
Os resultados do modelo têm como base os dados epidemiológicos acumulados dos casos notificados de 20/02 a 16/05. A partir desse período, os pesquisadores calcularam a evolução da pandemia pela linha do tempo, e fizeram simulações utilizando as ocorrências da semana a partir de 17/05.
Modelo calcula com rapidez a evolução da pandemia
Guilherme Travassos explica que o grande diferencial deste modelo está na realimentação rápida, na evolução temporal e na visualização de forma clara do estado da pandemia. Para isso, criaram um indicador inspirado em um velocímetro, batizado de “covidímetro”, que sinaliza o grau de risco de colapso no sistema de saúde. Em breve, o indicador e as previsões de novas infecções estarão disponíveis ao público no site de acompanhamento Coronavírus (https://dadoscovid19.cos.ufrj.br), no ar desde o início de abril, mostrando todos os casos notificados.
“Desenvolvemos um modelo estruturado para recalcular automaticamente e com confiabilidade o cenário futuro. Ele possibilita visualizar as consequências das atitudes tomadas há 15 dias da data de análise, o que o torna uma ferramenta importante para os gestores governamentais. Também conta com um “velocímetro” para que a população possa ver a evolução dos casos e das previsões, todos os dias, pela Internet. Mas é necessário registrar que o modelo é alimentado por dados organizados e fornecidos pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio, que podem sofrer variações por problemas de notificação, entre outras ocorrências que influenciam os resultados”, afirma Guilherme Travassos, professor do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe.
Coordenado pelos professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), membros do Grupo de Trabalho Multidisciplinar da UFRJ sobre a Coronavirus Disease 19 (COVID-19), Guilherme Horta Travassos, da Coppe, Roberto de Andrade Medronho, da Faculdade de Medicina, e Claudio Miceli de Farias, da Coppe e do Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE), o estudo inclui somente os casos de covid-19 confirmados pela Secretaria de Estado de Saúde do estado do Rio de Janeiro.
Capaz de calcular diariamente as previsões com base na evolução dos dados notificados e disponíveis, desde o início da pandemia, a ferramenta prevê o número de pessoas que poderão ser infectadas pela Covid-19, bem como pode estimar o número de óbitos em decorrência da doença no Estado do Rio Janeiro, cuja população é de 17,2 milhões.
“O modelo estima que o número de casos de Covid-19 confirmados no período de pico deverá chegar a cerca de 71 mil casos notificados. De acordo com o modelo utilizado, caso se mantenha o cenário atual, no qual apenas cerca de 40% a 50% da população fluminense segue as orientações de confinamento, o número de óbitos pode chegar a 15,1 mil pessoas ao final da pandemia”, alerta Claudio Miceli, professor do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe e do NCE.
Lockdown imediato para poupar vidas
Os professores defendem lockdown imediato como forma mais eficaz, no momento, para poupar vidas e também evitar o colapso no sistema de saúde. Para se ter uma ideia, a modelagem indica que durante o pico serão necessários 800 ventiladores pulmonares novos funcionando, simultaneamente, sem contar os que já estarão em uso pelos pacientes que adoeceram antes.
O aparente relaxamento no confinamento, observado nas ruas, foi constatado pelo acompanhamento do deslocamento de aparelhos de telefone celular (sem identificação do proprietário), e como resultado o modelo mostra maior número de contágio no período de 16 a 19 dias após o aumento de circulação da população. De acordo com o indicador de mobilidade, o nível de isolamento social que se manteve em média acima de 50% no período de 14/03 a 02/05, começou a decrescer e chegou a 46,4% na semana de 17 a 23/05. Com base neste indicador de mobilidade, os pesquisadores acreditam que o nível de isolamento esteja abaixo de 50%, com o aumento de movimentação nas ruas, a partir de 17/05.
O professor Roberto Medronho, que lidera o Grupo de Trabalho Interdisciplinar para enfrentamento da Covid-19 da UFRJ, explica que as medidas de isolamento social adotadas têm contribuído para reduzir o número de casos, mas que não são suficientes para eliminar a necessidade do Estado do Rio precisar contar com milhares de leitos e inúmeros respiradores.
“A adoção do lockdown é necessária, tendo em vista o comportamento da população até o momento, e a insuficiência de infraestrutura hospitalar do Rio de Janeiro. É a forma mais eficaz de frear a contaminação de pessoas. Os países que adotaram essa medida, como a França, já estão retornando suas atividades. O mesmo já poderia estar acontecendo no Rio de Janeiro, caso isso fosse feito”, lamenta Medronho, acrescentando que caso a vacina não chegue a tempo, enfrentaremos uma segunda onda de epidemia, cujo período ainda não é possível estimar.
Os resultados do modelo têm como base os dados epidemiológicos acumulados dos casos notificados de 20/02 a 16/05. A partir desse período, os pesquisadores calcularam a evolução da pandemia pela linha do tempo, e fizeram simulações utilizando as ocorrências da semana a partir de 17/05.
Modelo calcula com rapidez a evolução da pandemia
Guilherme Travassos explica que o grande diferencial deste modelo está na realimentação rápida, na evolução temporal e na visualização de forma clara do estado da pandemia. Para isso, criaram um indicador inspirado em um velocímetro, batizado de “covidímetro”, que sinaliza o grau de risco de colapso no sistema de saúde. Em breve, o indicador e as previsões de novas infecções estarão disponíveis ao público no site de acompanhamento Coronavírus (https://dadoscovid19.cos.ufrj.br), no ar desde o início de abril, mostrando todos os casos notificados.
“Desenvolvemos um modelo estruturado para recalcular automaticamente e com confiabilidade o cenário futuro. Ele possibilita visualizar as consequências das atitudes tomadas há 15 dias da data de análise, o que o torna uma ferramenta importante para os gestores governamentais. Também conta com um “velocímetro” para que a população possa ver a evolução dos casos e das previsões, todos os dias, pela Internet. Mas é necessário registrar que o modelo é alimentado por dados organizados e fornecidos pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio, que podem sofrer variações por problemas de notificação, entre outras ocorrências que influenciam os resultados”, afirma Guilherme Travassos, professor do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe.
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