Momento da prisão de Fabrício Queiroz na casa de Frederick Wassef em Atibaia, interior de São PauloReprodução
Por O Dia
Publicado 19/06/2020 14:01
Rio - A prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, Jair Bolsonaro, que aconteceu nesta quinta-feira, traz à tona outras questões, entre elas os impactos para a família Bolsonaro.
De acordo com o advogado criminal Wallace Martins, presidente da Comissão de Direito Penal Econômico da Anacrim (Associação Nacional da Advocacia Criminal), a operação Anjo representa uma derrota expressiva para o presidente.
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“O peso é muito grande porque essa prisão vai enfraquecer o Jair Bolsonaro. O centrão, que já está começando a negociar cargos, pode chegar a um momento de tanta dificuldade para o governo que o centrão abandona o barco. E aí o processo de impeachment é deflagrado e vai para frente. Vale lembrar que esta semana foi muito difícil para o governo: o STF rejeitou o habeas corpus protocolado pelo ministro da Justiça , André Mendonça, em favor do ministro da Educação, Abraham Weintraub, no inquérito das fake news que vai prosseguir; foram quebrados 10 sigilos bancário e fiscal de deputados federais e de um senador, todos ligados ao Bolsonaro; além da prisão da Sara Winter, ativista do movimento “300 do Brasil”. Acredito que nos próximos dias vamos ver medidas ainda mais duras como busca e apreensão do Flávio Bolsonaro, pelo Supremo, e possível busca e apreensão do Carlos Bolsonaro”, prevê Martins.

O especialista explica ainda que, se as denúncias do Ministério Público do Rio forem confirmadas, Queiroz pode responder pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato (subtração ou desvio de dinheiro público). “Somando as penas, ele pode pegar entre 5 e 20 anos de prisão. A prisão preventiva de Fabrício Queiroz está correta. Sua fuga por mais de um ano explica a prisão para assegurar a aplicação da lei penal. Além disso, o depoimento dando conta que mesmo solto Queiroz continuava operando, justifica a prisão para a garantia da ordem pública", afirma o advogado.

Queiroz, que foi encontrado em um imóvel em Atibaia (SP), pertencente a Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, está sendo investigado pelo Ministério Público do Rio por suspeita de movimentação atípica de R$ 1,2 milhão, no intervalo de um ano, em suas contas, além da prática de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), onde trabalhou como assessor do então deputado Flávio Bolsonaro como chefe de segurança.
O ex-assessor está preso no Complexo de Bangu, na Zona Oeste do Rio, onde ficará isolado por 14 dias por questões de segurança e por conta da pandemia do novo coronavírus.