Rio - As dificuldades enfrentadas pelo estado para impedir a propagação da covid-19 dentro dos presídios aumentam a cada dia. Desde o início da pandemia, a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) registrou 13 mortes de presidiários, por decorrência da doença. Na última atualização do órgão na sexta-feira, 112 internos haviam testado positivo para o novo coronavírus. Entre os agentes penitenciários, são 205 infectados nesses três meses, com um total de quatro mortes entre eles.

A escalada no número de casos acende um sinal de alerta nos presídios do Rio. O risco de contaminação é alto tanto para detentos, quanto para agentes do estado. As visitas de familiares estão suspensas por conta do decreto assinado pelo governador Wilson Witzel, ainda em março. 

O advogado criminalista Ângelo Máximo Macedo da Conceição, representante do Sindicato dos Servidores do Sistema Penal do Rio de Janeiro (SindSistema), contesta os números divulgados da covid  nos presídios do estado. Segundo ele, a situação pode ser mais grave por falta de testes.

"O que está acontecendo é um descaso com o sistema prisional do Rio. A Seap não tem teste para todos os servidores e muito menos para os que estão presos. Como não testam todos, o número deve ser alarmante. Não foi apresentado um protocolo de como esses presos serão isolados. É quase impossível ter isolamento dentro de uma cadeia", adverte o advogado.

Para a Defensoria Pública do Rio, a ausência das equipes de Saúde dentro das penitenciárias colaboram não só para o aumento do número de infectados por covid-19, mas também para a propagação de muitas outras doenças. 

Em março deste ano, houve registro de sarampo na unidade prisional Ary Franco, localizada em Água Santa, na Zona Norte da capital fluminense. Na ocasião, houve vacinação em massa na unidade prisional.

Ao todo, segundo a Seap, são 49 mil presos atualmente em todo o estado. Na última semana de junho, a secretaria divulgou que 36 dos 153 internos que dividem a mesma ala no presídio Gabriel Ferreira Castilho, conhecida como Bangu 3, testaram positivo para o novo coronavírus. Todos foram colocados em isolamento. A Seap não detalhou como está sendo feito o isolamento.

Em nota, a Seap destaca que "ao todo, 1.828 servidores realizaram testes rápidos, que foram disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde e pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) para a covid-19. Ao todo, 205 testaram positivo para a referida doença. Entre os casos confirmados, quatro faleceram, representando 0,07 do total de servidores do sistema prisional". Segundo a pasta "a última confirmação de falecimento por coronavírus ocorreu no dia 21 de maio. Segundo a equipe de Saúde Ocupacional, que acompanha os servidores em caso de internação, o número de funcionários hospitalizados caiu ao longo dos últimos meses".