Batalhão de Choque (BPChq) em operação na Vila Kennedy - Reprodução / Factual RJ
Batalhão de Choque (BPChq) em operação na Vila KennedyReprodução / Factual RJ
Por O Dia
O Fogo Cruzado divulgou, ontem, os relatórios do primeiro semestre de 2020 sobre os disparos feitos com armas de fogo na cidade do Rio de Janeiro. De acordo com a plataforma, a Vila Kennedy foi o bairro que registrou a maior quantidade de tiros. Além disso, mesmo com a pandemia do novo coronavírus, mais crianças morreram baleadas no Grande Rio e um terço dos confrontos ocorreu próximo a unidades de saúde.

A Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, foi o bairro do Grande Rio com mais tiros no primeiro semestre: 188 tiroteios/disparos de arma de fogo. Este é o 9º mês consecutivo que a Vila Kennedy ocupa a primeira posição entre os bairros com mais tiroteios. Além disso, o bairro da Zona Oeste foi também o que mais teve tiros em todo o ano de 2019 (376) e 2018 (365).

De acordo com o especialista em segurança Vinícius Cavalcante, é necessário entender que a possibilidade e necessidade de desarme será demorada e difícil. “Os criminosos estão armazenando armas e munições em locais onde a polícia não consegue ir facilmente”. O especialista ainda destacou como a população pode contribuir para o trabalho da polícia. “Conte, mesmo que de forma anônima, onde estão as armas, tire uma foto escondida do local em que os traficantes costumam ficar, ligue para o disque denúncia. Isso ajuda bastante”, afirmou Cavalcante.

Já o número de crianças baleadas cresceu 70% no primeiro semestre em relação ao registrado no mesmo período de 2019, quando 10 crianças foram baleadas. Mas, a quantidade de crianças mortas foi ainda maior: no primeiro semestre do ano passado foram 3 e neste ano foram 6, entre eles o menino João Pedro, que morreu após levar um tiro de fuzil nas costas enquanto brincava com seus primos na casa de sua tia, em São Gonçalo, e Enzo, de apenas 4 anos, que foi morto após ser baleado na sua própria festa de aniversário, no momento em que cantava “parabéns”.

Por fim, a Vila Kennedy concentrou também o maior número de tiroteios em torno de unidades de saúde, foram 149. Dos 2.606 disparos de arma de fogo que ocorreram no primeiro semestre do ano, 32% (846) deles ocorreram no entorno de unidades de saúde públicas e privadas da Região Metropolitana do Rio. Isto representa uma média de 5 tiroteios/disparos por dia ao redor das unidades.

O DIA procurou a Associação de Moradores da Vila Kennedy para perguntar sobre os excessivos tiroteios na região, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria.