Por Danillo Pedrosa

A pandemia da covid-19, para a nossa sorte, é passageira. Mas alguns hábitos e costumes adquiridos durante o período de isolamento certamente farão parte da rotina dos brasileiros daqui para frente, e não apenas aqueles relativos a cuidados com a saúde. Uma pesquisa do Laboratório de Estudos Integrados em Criatividade e Economia Criativa (CRIA) da Universidade Veiga de Almeida (UVA), no campus Barra da Tijuca, destacou o esperado aumento do consumo de streaming, lives e compras online nos últimos meses em todas as idades e constatou que essas tendências devem ser mantida mesmo após os dias de quarentena.

O resultado da pesquisa revelou que o uso de serviços de streaming, como Netflix, teve aumento de 66% entre março e junho deste ano. Nesse caso, o passatempo preferido dos internautas tem sido assistir filmes e séries durante a pandemia. Alexandre Martins, morador de Campo Grande, é um deles. 

"Sempre gostei, mas nunca vi tantos filmes e séries como nesses últimos meses. Já assisti umas cinco séries inteiras no tempo livre que tenho em casa", afirma o universitário de 19 anos, que ainda assiste aulas da faculdade e dá aulas online em um pré-vestibular social.  

Já o fenômeno das transmissão ao vivo, uma tendência da quarentena, teve adesão de 88,5% dos entrevistados. Shows, entrevistas e aulas foram os mais citados pelos participantes da pesquisa. O levantamento ainda indica que as lives devem continuar fazendo sucesso mesmo depois do período de isolamento social. Já sobre a música digital, 75,9% das pessoas afirmam ter consumido.

Maria José, moradora de Santíssimo, dificilmente perde uma live que goste durante a pandemia. Com a ajuda da filha, a aposentada de 67 anos já adquiriu o hábito de assistir aos shows quase todos os dias.

"Não sou muito de mexer nessas coisas (aparelhos tecnológicos), mas vejo o que vai ter no dia e peço para a Gabriela (filha) colocar na televisão", explica Maria, que torce para as transmissões ao vivo se tornarem comuns mesmo depois da quarentena. "Eu gosto muito. Tomara que continue". 

O estudo da UVA ainda aponta que o aparelho mais usado para se conectar à internet tem sido o celular, cada vez mais parte da rotina da maioria dos brasileiros. Entre os entrevistados, apenas 1,75% disseram não acessar as redes sociais por um telefone móvel. 

Mais de 1.000 participantes
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O estudo do CRIA contou com a participação de 1.255 pessoas na faixa etária de 18 a 70 anos de todas as regiões do país. O objetivo era analisar o comportamento dos brasileiros durante o período de isolamento social e identificar as tendências de consumo digital. O grupo de pesquisadores é coordenado pelo professor Leonardo Amato e conta com a participação de alunos dos cursos de Publicidade e Jornalismo.
Para a pesquisa, o Laboratório levou em conta o mapeamento bianual da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que relaciona as profissões da indústria criativa. Com base nesse mapa, as perguntas foram elaboradas para avaliar os segmentos de audiovisual e de tecnologia.
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"Contamos com a participação de todos os alunos numa grande corrente de divulgação para obter as respostas. Usamos, ainda, toda a nossa capilaridade de conexão com outras universidades e as redes sociais. Apesar de no primeiro momento focarmos os esforços na região Sudeste, que sofreu maior efeito da pandemia, tivemos a participação de todos os estados brasileiros. Isso foi importante para traçarmos um panorama efetivamente nacional", explica o professor Amato, que leciona na Graduação da Universidade Veiga de Almeida desde 2018.
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Compras pela Internet
As compras online, outra tendência da quarentena e única alternativa para milhões dos brasileiros, também foram assunto da pesquisa do CRIA. Os resultados apontam que esse outro hábito adquirido veio para ficar, já que 88,2% dos alunos afirmam ter a intenção de continuar comprando pela Internet após a pandemia. 
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Alexandre Martins, de Campo Grande, também adquiriu esse costume na quarentena e não pensa em perdê-lo. "Precisei comprar as peças para consertar meu carro e a Internet era a melhor opção por causa da pandemia. Algumas coisas estavam bem mais baratas e chegaram bem rápido. Com certeza vou comprar mais vezes", disse. 
Para Rafael Lima, estudante de Publicidade que integrou a equipe de pesquisa, essa estatística representa um grande desafio para as marcas na retenção de consumidores, ou seja, será mais difícil fidelizar a clientela. Também estudante de Publicidade, Carolina Morais, moradora da Freguesia,  enxerga "a necessidade das cadeias logísticas ampliarem suas estruturas de distribuição para atender às novas necessidades do mercado consumidor da indústria criativa".
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