Publicado 07/07/2020 10:59 | Atualizado 07/07/2020 21:09
Rio - Após uma redução acumulada de 31 milhões de passageiros e um rombo de R$ 102 milhões na arrecadação desde março, a companhia de transporte ferroviário do Rio de Janeiro, Supervia, alerta agora para um risco de paralisação das operações em meados de agosto. Segundo o presidente da empresa, Antonio Carlos Sanches, diversas medidas já foram tomadas para tentar equacionar as contas, mas se nenhum aporte financeiro for realizado pelo governo estadual ou federal o colapso será "inevitável" e todos os ramais seriam interrompidos.
"O risco de paralisação existe, não temos condições de operar sem o caixa em dia. São R$ 102 milhões de perdas, que podem chegar em R$ 285 milhões até o fim do ano. Sem ajuda, a empresa entra em colapso financeiro e não consegue pagar os funcionários, a energia e a manutenção dos trens", destacou Sanches.
Antes das medidas de isolamento social no estado por conta do novo coronavírus, a SuperVia transportava cerca de 600 mil passageiros por dia útil. Nos últimos meses, a queda média foi de 65%. Ou seja, menos 400 mil pessoas nos trens do Rio diariamente.
"Mesmo com a flexibilização nos últimos dias, só tivemos um aumento de 5% no número de passageiros diários. Estamos com uma perda mensal de R$ 30 milhões", lamentou Sanches. "Precisamos de um socorro imediato de R$ 100 milhões até o mês de agosto. Para isso, estamos conversando com o governo estadual, BDNES e também com os ministérios da Economia, da Casa Civil e do Desenvolvimento Regional. Todos estão sabendo da situação. A maior questão é o tempo, não podemos ter uma solução para novembro, dezembro. Se tiver um colapso, isso vai atingir toda a SuperVia, não vai dar para reduzir a operação", explicou o presidente da concessionária.
Antonio Carlos Sanches acredita, entretanto, que a situação será resolvida antes de uma paralisação. "Tenho convicção que as negociações vão evoluir e teremos uma solução para que a coisa não chegue a esse ponto. Mas é importante alertar que não é só um problema do Rio, mas do transporte público de todo país. São empresas privadas que precisam de apoio", disse.
Secretário estadual de Transportes do Rio negocia com a União uma Medida Provisória
Para o secretário estadual de Transportes do Rio, Delmo Pinho, a questão é ainda mais grave do que parece, pois se trata de uma crise em todo o sistema de mobilidade urbana fluminense. Pinho tenta, assim, negociar com a União uma Medida Provisória (MP) com um socorro federal à Supervia, MetrôRio, CCR Barcas e às concessionárias de ônibus intermunicipais.
"Não se trata de salvar um, temos que viabilizar o conjunto. Essa é a maior crise no setor dos últimos 50 anos e a retomada da economia ficará comprometida se não houver transporte público operando. Estou, junto aos secretários de São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco, tentando uma parceria com o governo federal. Não é apenas uma ajuda econômica, queremos aproveitar o momento para uma reestruturação, para um transporte público com mais eficiência, transparência e redução dos preços das passagens", afirmou ele.
Simultaneamente, o governo estadual verifica possíveis dívidas com as concessionárias de transporte. Se confirmados, os valores poderiam ser repassados às empresas, o que daria um fôlego enquanto uma ajuda federal não chega. "Mas sabemos que isso não será suficiente e depende de um trâmite junto a Alerj, Tribunal de Contas e Ministério Público", ponderou Pinho.
Procurados, os Ministérios da Economia, da Casa Civil e do Desenvolvimento Regional não responderam as solicitações da reportagem.
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