Publicado 08/07/2020 00:00
Pacientes com doenças crônicas reclamam da falta de medicamentos em farmácias das Clínicas da Família. Em visita feita pela reportagem de O Dia, ontem, em unidades de dois bairros da Zona Norte foi identificada a falta de remédios controlados. Na unidade do Méier, pacientes com hipertensão, grupo de risco da covid-19, não conseguiam retirar os comprimidos necessários para regular a pressão.
"Não é um remédio caro, mas somos aposentados e passamos por dificuldades quase sempre. É tudo contato. Não acho justo ter de tirar do meu bolso algo que deveriam me oferecer aqui gratuitamente", comenta o aposentado, Paulo Gregório, de 66 anos, que precisa tomar o medicamento Losartana.
Além do comprimido para tratar sua hipertensão, Paulo também foi à clínica da família para buscar o remédio da sua esposa, que sofre de transtorno de ansiedade. Contudo, o antidepressivo Fluoxetina usado pela idosa também estava em falta.
"Esses comprimidos custam pouco mais de R$ 60. Em uma semana a gente até tenta comprar, mas se fizermos isso sempre a conta não fecha", lamentou Paulo.
Para a autônoma Vânia Silva, 46, o prejuízo é ainda maior. A paciente procurou a clínica do bairro com objetivo de retirar medicamentos para tratar a hipertensão e regulação hormonal. Segundo ela, ambos os tratamentos terão de ser pagos do próprio bolso porque a farmácia alegou a falta de estoque. "Já faz dois meses que não tomo meu remédio e não sei quando vou conseguir", reclama Vânia, que buscava o medicamento Glycine Max.
Além dos pacientes na unidade de saúde municipal do Méier, também foram feitas denúncias de faltas de medicamentos nas unidades Jeremias de Moraes, na Maré, e Sergio Vieira De Mello, no Catumbi. Na unidade da Maré, o problema era ainda pior, já que, segundo denúncia de moradores, a unidade está fechada desde anteontem por falta de combustível para os geradores.
"Já faz dois anos que essa clínica foi construída pelo prefeito e desde então nada foi feito. Continuamos dependendo de geradores e vira e mexe o combustível acaba. Não tem água encanada, não tem médico não tem nada. É um absurdo", reclamou Andreia Matos, uma das lideranças comunitárias na favela da Nova Holanda.
Procurada sobre a falta de medicamentos, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que os medicamentos buscados pelos pacientes ouvidos pela reportagem serão repostos nas unidades ainda esta semana. Ainda de acordo com a pasta, os profissionais de saúde estão orientados a fornecer medicamentos similares até a regularização do abastecimento.
Sobre a condição do fornecimento de energia na unidade Jeremias Moraes, a SMS informou que a Organização Social Rio Saúde, que administra a unidade, já solicitou a ligação definitiva da energia com a Light. A OS não respondeu aos questionamentos da reportagem.
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