Rio - A situação continua preocupante nas Clínicas da Família, que já sofriam com falta de medicamentos essenciais à população. Agora, passam por remanejo de pessoal e equipamentos sem aviso prévio e sem previsão de reposição. A Clínica da Família Souza Marques, no Campinho, e o Centro Municipal de Saúde Clementino Fraga, em Irajá, perderam estrutura para a inauguração de Clínicas da Família, e devem atender a mesma população com quadro reduzido.
Para a abertura da unidade Márcia Mendes, em Campinho, duas equipes de Saúde da Família e uma de Saúde Bucal da Clínica Souza Marques foram realocadas, mas chegaram apenas em 29 de junho, três dias após o começo das atividades, relata um funcionário da unidade que prefere não se identificar. Segundo ele, profissionais foram alocados temporariamente apenas para a inauguração e, logo em seguida, transferiram as equipes definitivas, com todo o mobiliário dos consultórios.
A mudança, entretanto, foi uma grande surpresa para pacientes e funcionários, que souberam na véspera. "A população está muito confusa porque não sabe se vai ser atendida na Souza Marques ou na Márcia Mendes porque nada disso foi discutido com a comunidade. Os funcionários foram avisados do dia para a noite que seriam transferidos e os usuários sequer sabiam", afirma.
Mesmo com a realocação de equipes, funcionários informam que aparelhos de ultrassom e raio-x da Márcia Mendes não funcionam e a estrutura ainda não tem acesso à internet e, portanto, não há como analisar o prontuário dos pacientes. Agora, a Souza Marques, que nunca ficou sem médicos desde a inauguração, em 2012, opera com 4 médicos para 7 equipes e sem previsão de novas contratações.
As dificuldades de acessar novas unidades também afeta usuários da Clínica da Família Maury Alves, em Vargem Pequena. A unidade foi fechada pela Defesa Civil há duas semanas por problemas estruturais e, segundo um servidor, todo o mobiliário foi alocado para a Clínica da Família Lourival Francisco, na Cidade de Deus, inaugurada 4 de julho. Os profissionais foram transferidos para outras unidades da rede. Assim como no Campinho, os pacientes da unidade têm mais dificuldades para chegar nas novas unidades. "Agora, a unidade mais próxima fica a 8 km. Fica muito difícil de recorrer em caso de emergência, ainda mais na região de Vargem Pequena, que é ruim de transporte", lamenta o servidor.
A Secretaria Municipal de Saúde informa que o edital de contratação de novos agentes comunitários está previsto para agosto, e os funcionários transferidos da Souza Marques já atuavam na região que, hoje, é atendida pela Márcia Mendes, e a pasta ainda está contratando a empresa que vai operar os aparelhos da unidade. Eles informam, ainda, que funcionários e mobiliário da unidade Maury Alves foram alocados até que haja a reconstrução do telhado, mas não deu previsão. Os profissionais estão na Clínica Cecília Donnangelo, em Vargem Grande. A SMS afirma que não há necessidade de contratação de profissionais porque não houveram demissões.
Comentários