Lavagem do Cais do Valongo foi feita em cerimônia reduzida devido à pandemia da covid-19, sem eventos culturaisGilvan de Souza / Agencia O Dia
Por Anderson Justino
Publicado 12/07/2020 07:00

Rio - Há três anos reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, o Cais do Valongo, localizado na região portuária da cidade, recebeu uma lavagem simbólica na manhã de ontem. O ato foi realizado pela nona vez e já é uma tradição em memória e respeito aos escravos que desembarcaram em navios negreiros no cais.

"O Cais do Valongo traz uma memória de muita dor do nosso povo. Dor essa que não pode ser esquecida. Foi uma violência contra a humanidade. A lavagem é uma homenagem simbólica à resistência e à luta de nossos ancestrais e para reafirmar o compromisso do poder público e da sociedade contra o racismo e desigualdade", explicou o presidente do Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), Rodrigo Nascimento.

A Ialorixá Mãe Edelzuita de Oxalá foi a responsável pelo ato e lamentou pela pandemia. "Peço a Deus que nos abençoe e dê uma ideia para acabar com isso. Este ano o povo está com medo. Mas vim representar. Eu comecei a cuidar de orixá em 1943, em plena Segunda Guerra Mundial. A gente precisa que Deus se faça presente", explicou a sacerdotisa.

Em respeito às medidas de isolamento social para conter a disseminação da covid-19, o evento, que tradicionalmente reúne música e dança, entre outras manifestações da cultura afro-brasileira, foi realizado apenas de forma simbólica, sem as apresentações artísticas, respeitando as normas de não aglomeração e as orientações de saúde pública.

História

O Cais do Valongo foi o maior porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas. Mais de 1 milhão desembarcaram no local, o que torna o cais o lugar mais importante de memória da diáspora africana fora da África. Construído em 1811 e aterrado em 1911, o local foi revelado durantes as obras do Porto Maravilha, em 2011.

 

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