Publicado 20/07/2020 00:00
Nas mãos do gaúcho Alexandre Fidélis, 43 anos, os malabares acendem a esperança de um futuro melhor. No brilho do olhar do curitibano Fabrício Fagundes, de 47, a força da resistência. Já o sorriso detrás da máscara esconde o paulista Wendell Santos, de 33. Três universos diferentes, que se cruzam com o mesmo objetivo: conseguir emprego e conquistar um lar. Porém, vivem no Sambódromo, num dos abrigos da Prefeitura do Rio para acolher moradores em situação de rua durante a pandemia do coronavírus.
A história do trio se repete como a de muitos brasileiros que saíram de casa para tentar uma vida melhor em outras cidades. Porém, surgiram desafios. Estudo da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH) mostra que na capital são cerca de 14 mil pessoas nas ruas.
Há 16 anos no Rio, o gaúcho Alexandre Fidélis mostra que o talento nas mãos não se limita aos malabares. "O que sei fazer de melhor é cozinhar. Aprendi dentro de casa. Meus pais iam trabalhar e assumia a responsabilidade de cuidar dos meus irmãos. Fiz curso de gastronomia e meu maior sonho é estar dentro de uma cozinha profissional, revela.
Também cozinheiro, Fabrício Fagundes sonha em assumir a cozinha de um grande restaurante. Enquanto não consegue, luta por um emprego. "O que a gente precisa é só de uma oportunidade. Quem não gostaria de estar em um lugar pra chamar de seu. Poder escolher o que comer, como dormir? Quero um dia passar em frente a um abrigo e entrar para abraçar as pessoas que conheci, não quero parar para pedir um lugar para ficar", frisa.
Do Guarujá, litoral paulista, Wendell Santos viu a vida virar de cabeça para baixo ao sair de casa. O sushiman chegou aqui em 2019, com emprego e tinha casa no Morro da Babilônia, no Leme. Com a pandemia, perdeu emprego e lar. "Já trabalhei em um dos melhores restaurantes de comida japonesa em São Paulo. Tenho certeza que vou conseguir mostrar meu diferencial aqui no Rio", espera.
Tratamento é igual para todos os presentes
"Aqui, a gente não faz nenhum tipo de escolha. Todos são tratados de igual para igual". É o que revela a assistente social Maria Célia, que há 33 anos trabalha na Prefeitura do Rio. Segundo ela, atualmente 58 moradores de rua vivem no abrigo, com regras como limpar o quarto e cuidar da higiene pessoal.
Além de local para dormir, recebem café da manhã, almoço, lanche e jantar. "É preciso se enquadrar às regras. Muitos saem para procurar emprego e depois voltam. Antes de entrar nos quartos, tomam banho em um banheiro fora do espaço e trocam de roupa. Depois da higiene, podem ir pro quarto", explica Maria.
Maria Célia explica que os casos com a suspeita de covid-19 são colocados em isolamento. "Eles passam a quarentena em quarto separado. Temos parceria com uma unidade de saúde e todos são levados para lá", avisa.
As três unidades, Sambódromo I, II e III abrigam 170 pessoas. Os abrigos ficam abertos enquanto durar a pandemia. "O objetivo é de proporcionar isolamento social. A pessoa que quiser acolhimento numa das unidades do Sambódromo deverá procurar a tenda da SMASDH no Largo da Carioca e se inscrever. As centrais de recepção da Secretaria também estão aptas a encaminhar pessoas para as unidades", ensina.
Rio de Janeiro - RJ - 17/07/2020 - Geral - Abrigo da prefeitura no Sambodromo - Como estao vivendo os moardores de rua abrigados no Sambodromo - na foto, Fabricio Fagundes (esquerda, de mascara preta), Alexandre Fidelis (ao centro) e Wendell Santos da Graça - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O DiaReginaldo Pimenta
Rio de Janeiro - RJ - 17/07/2020 - Geral - Abrigo da prefeitura no Sambodromo - Como estao vivendo os moardores de rua abrigados no Sambodromo - na foto, Alexandre Fidelis (esquerda de blusa preta), Fabricio Fagundes (centro), Wendell Santos Graça (direita) e Maria Celia Vasconcelos - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O DiaReginaldo Pimenta
Rio de Janeiro - RJ - 17/07/2020 - Geral - Abrigo da prefeitura no Sambodromo - Como estao vivendo os moardores de rua abrigados no Sambodromo - na foto, Alexandre Fidelis (esquerda, de mascara branca), Wendell Santos da Graça (centro) e Fabricio Fagundes (direita) - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O DiaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Rio de Janeiro - RJ - 17/07/2020 - Geral - Abrigo da prefeitura no Sambodromo - Como estao vivendo os moardores de rua abrigados no Sambodromo - na foto, Alexandre Fidelis - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O DiaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Rio de Janeiro - RJ - 17/07/2020 - Geral - Abrigo da prefeitura no Sambodromo - Como estao vivendo os moardores de rua abrigados no Sambodromo - na foto, Wendell Santos da Graça - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O DiaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Rio de Janeiro - RJ - 17/07/2020 - Geral - Abrigo da prefeitura no Sambodromo - Como estao vivendo os moardores de rua abrigados no Sambodromo - na foto, Fabricio Fagundes - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O DiaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
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