Arsenal de armas é encontrado em empresa em coronel Divulgação
Por GUSTAVO RIBEIRO
Publicado 31/07/2020 20:53 | Atualizado 31/07/2020 22:01
Rio - Um arsenal com 83 armas - 35 delas desviadas do Exército Brasileiro - foi recuperado, nesta sexta-feira, em uma operação conjunta do Exército e da Polícia Civil do Rio. O material bélico foi encontrado na sede da empresa de segurança Guardian Segurança Vigilância, na Avenida dos Mananciais, 684, na Taquara, Zona Oeste da capital. De acordo com a Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), que participou da ação, o estabelecimento pertence ao coronel da reserva da Polícia Militar do Rio Álvaro Fernandes Sabino. O valor do armamento é estimado em torno de R$ 500 mil.

Segundo o delegado assistente da Desarme, Rodrigo Coelho, a operação realizada nesta sexta-feira foi desdobramento de investigações do Ministério Público Militar, que culminaram na prisão, no ano passado, do tenente-coronel do Exército Alexandre de Almeida. O militar do Exército era chefe do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados. Das 83 armas, 48 ainda não tiveram a origem esclarecida.  

"Caso as armas não tivessem sido apreendidas, elas poderiam ser destinadas a colecionadores, atiradores e acreditamos que isso também estava alimentando milícia e tráfico de drogas, principalmente a parte da munição", afirmou Coelho

De acordo com o delegado, Almeida é suspeito de 'requentar' a documentação de armas encaminhadas para destruição do Exército. "Ele trazia as armas de volta para a rua, para o comércio, clubes de tiro, colecionadores... São armas que estariam destinadas à destruição", explicou o delegado-assistente da Desarme. "Ele (o coronel da PM Álvaro Sabino) teria recebido essas armas, que deveriam estar destruídas e estavam constando como parte do acervo dele", acrescentou o investigador.

No meio do arsenal, havia espingardas de calibres variados (12, 22 e 38), pistolas e revólveres, além de carregador alongado, com capacidade de munição superior ao permitido pelo Exército. Os investigadores ainda não sabem como as armas foram repassadas do Exército para a empresa de segurança que pertence ao coronel da PM.

"A gente não sabe se esse tráfico foi direto, se o coronel PM comprou através de intermediário. A gente não sabe a relação direta entre eles, mas é desdobramento da investigação da prisão do coronel militar, de ir atrás das armas que deveriam ter sido destruídas, mas estavam no acervo de algumas pessoas", detalhou Coelho.

O coronel da PM deve responder por crime de peculato militar e por posse ilegal de arma de fogo e acessórios. O armamento será encaminhado para perícia e depois ao Exército para destinação final. 
Em nota, a Polícia Militar informou que "o caso envolvendo o referido policial da reserva será analisado pela corregedoria da corporação. Caso se confirmem os indícios, haverá a instauração de um procedimento apuratório para averiguar a conduta do oficial da reserva".

APREENSÃO TAMBÉM EM CLUBE DE TIROS

Uma segunda parte da operação de hoje encontrou também farto material desviado do Exército em um grupo de tiros localizado no Centro do Rio, na Rua Beira Mar, 200, apartamento 504. Foram encontradas partes de arma, aparentemente de fabricação artesanal. Foram apreendidos nesse endereço dez canos de arma, carregador e armação de pistola, dez pares de ferrolho (parte de cima) da pistola e um quebra-chamas de fuzil. Esse endereço não tem ligação com o coronel da PM. "É endereço de destinatário de outras armas que também deveriam estar no Exército e foram desviadas de lá".