ZONA OESTE - INCLUSÃO NAS ESCOLAS - Rosiane atua com 25 personagens de pano com deficiências variadas - fotos divulgação
ZONA OESTE - INCLUSÃO NAS ESCOLAS - Rosiane atua com 25 personagens de pano com deficiências variadasfotos divulgação
Por Maria Clara Matturo*

Em um ato de empatia e dedicação, empreendedora social se dedica a ensinar a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) nas escolas, para crianças sem deficiência, em busca de transformar as instituições em um espaço de respeito e inclusão. Moradora da Zona Oeste do Rio, Rosiane Mello, de 36 anos, atua nos espaços promovendo oficinas educacionais com personagens de pano que representam crianças com deficiências variadas, como a paralisia, autismo e Síndrome de Down.

Mãe do Arthur, de nove anos, e da Mariane, de quatro, Rosiane encontrou no ambiente escolar dos filhos a motivação de que precisava para desenvolver o projeto. "Quando meu filho era mais novo nós tivemos uma dificuldade de adaptar ele na escola, por conta de um coleguinha de classe que tinha suspeita de autismo. Tinha questões de comportamento muito recorrentes, então eu fui até lá para entender o que estava acontecendo, e fui surpreendida por essa situação", conta.

"Quando olhei para aquele cenário, o que vinha na minha cabeça era a vida daquela mãe, tentei me colocar no lugar dela e quis entender quais eram as dificuldades e desafios. Isso me atingiu muito como mãe, então eu queria fazer alguma coisa para ajudar, queria instruir o meu filho para incluir aquela criança, assim comecei a estudar o processo de inclusão", completa a empresária.

Antes de começar a atuar na área, Rosiane teve o desafio de entender uma realidade distinta da dela. Então, envolvida em muitas pesquisas, resolveu tirar o antigo projeto da cabeça: "Comecei a ouvir as famílias das crianças com deficiência, e quando questionava qual era o maior desafio, eles sempre respondiam que não era lidar com a deficiência da criança, mas com a exclusão que ela sofria".

Ela explica que trabalha com 25 personagens de pano e cada um representa uma criança com deficiência. "Temos personagens cadeirantes, autistas e portadores da Síndrome de Down, por exemplo. Eu levo os personagens, apresento para as crianças, conto histórias sobre a vida deles e é uma troca muito boa, eles entendem que aquele personagem é uma criança igual a ele".

Um dos diferenciais dessa iniciativa é a inclusão reversa, que consiste em trabalhar com as crianças sem deficiência, para que elas recebam o amigo com deficiência. "Trabalho de onde parte a exclusão. Se eu preparo essa criança para isso, ela não vai se tornar um adolescente ou um adulto preconceituoso, ela entende e respeita as diferenças. Pegamos as crianças da educação infantil, que estão iniciando na escola, desenvolvendo laços", acredita Rosiane.

Atualmente, a empreendedora está com um novo projeto no Espaço de Desenvolvimento Infantil Clarice Lispector, no Rio das Pedras, visando o ensino de Libras. "Esse ano começamos um trabalho chamado 'Amigos da Inclusão', trabalhamos nas escolas com contação de histórias e atividades pedagógicas, para também a ensinar a Língua Brasileira de Sinais".

Com a chegada da pandemia, o projeto foi interrompido e Rosiane começou a postar vídeos com a filha nas redes sociais, mas tem planos de voltar. "Agora lançamos um canal no YouTube, onde colocamos videoaulas ensinando Libras, eu e a minha filha. Mas temos planos de retornar ano que vem, após todo esse ajuste que vai acontecer na retomada das aulas".

 

Os frutos para a educação
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A conscientização das crianças não deficientes pode desenvolver um ambiente mais propício para a aprendizagem, segundo o psicólogo e professor do IBMR Carlos Linhares. "Esse trabalho de inclusão nas escolas é de extrema importância, ajuda a desenvolver na criança desde cedo a percepção e o reconhecer da diferença, seja ela qual for. Assim é criado um ambiente de mais tolerância e acolhimento, esse ambiente confortável permite que os dois lados aproveitem melhor todas as oportunidades de aprendizagem", afirma o especialista.
Além dos benefícios a curto prazo, Carlos também reforça que iniciativas como essa geram uma mudança cultural, formando adultos mais conscientes. "É evidente que isso tem efeito para os dois lados, tanto para a criança que se torna mais consciente e acolhedora quanto para as crianças com deficiência que se sentem parte daquele espaço. Como consequência, teremos adultos mais conscientes no futuro".
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