Filhotes de camarões e outros crustáceos são alimentados com larvas de artemias - Divulgação
Filhotes de camarões e outros crustáceos são alimentados com larvas de artemiasDivulgação
Por Maria Clara Matturo*

Em mais um projeto para se orgulhar, o Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo), patenteou uma nova conquista no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O projeto em questão é um dispositivo para criação de artemias, cujas larvas são usadas na produção de peixes e crustáceos. A descoberta ocorreu durante a pandemia e tem como um dos objetivos contribuir para o desenvolvimento da indústria nacional, sendo uma ferramenta econômica e de fácil manipulação. O inventor é o pró-reitor de pesquisa e professor Alexander Machado, da Unidade de Biologia da instituição.

Responsável pelo projeto, ele explica os diferenciais que o dispositivo pode trazer para o cenário da aquicultura, modalidade de criação racional de organismos aquáticos. "A minha invenção apresenta uma nova forma e disposição de forma prática, compacta e fácil de controlar, permitindo uma melhor confiabilidade e eficiência na produção de larvas de artemia", explicou Alexander.

Apesar de ser um espaço de pesquisa e grandes conquistas, o pró-reitor de pesquisa reforça que as condições da instituição não são as ideais. "A Uezo oferece ensino, pesquisa e extensão de qualidade à sociedade. A Zona Oeste é uma das regiões mais populosas do Brasil, arrecada muito com impostos e oferece muitas oportunidades. Porém, ainda somos esquecidos. Surreal sabermos que a Uezo completa 15 anos e ainda não temos um campus próprio, os servidores não possuem plano de cargos e salários implementados, recebem o mesmo salário desde a posse, não temos Dedicação Exclusiva (DE), nem concurso para servidores administrativos".

Mesmo com todos esses problemas, Alexander reforça que acredita no potencial da Zona Oeste, e acrescenta: "A ciência precisa ser valorizada e estimulada, principalmente entre os jovens brasileiros. Pesquisadores e cientistas possuem um papel de extrema relevância no mundo e é importante que o Brasil desenvolva e aumente seu número de patentes e soluções para o bem-estar da sociedade. Fico muito feliz em poder contribuir de alguma forma neste processo com meu projeto".

A artemia e suas funções no ecossistema marinho
Professor Alexander Machado, da Unidade de Biologia, é o inventor
Professor Alexander Machado, da Unidade de Biologia, é o inventor fotos Divulgação
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Mas afinal, o que é a artemia? É um microcrustáceo com alto valor nutricional muito utilizado na produção de peixes, crustáceos e outros organismos aquáticos, em especial na criação de camarão. Os cistos da artemia, que funcionam como uma espécie de semente para o embrião, permanecem viáveis por vários anos, desde que sejam processados e armazenados da forma correta.
Depois de serem imersos em água do mar, ou solução artificial, esses cistos conseguem retomar o seu desenvolvimento larval. Essa eclosão dos cistos de artemias, com liberação das larvas, é fácil de lidar e produzir, além de serem ótimas para serem usadas na alimentação de peixes e crustáceos.
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Como funciona o dispositivo?
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O principal diferencial do dispositivo inventado na Uezo é a praticidade. Com a nova forma e disposição do modelo, ele oferece mais confiabilidade e eficiência na eclosão dos cistos em larvas, além de rastrear os resultados obtidos, oferecendo um controle maior para grandes produtores, consumidores locais, aquariofilistas e laboratórios de pesquisa, que podem se beneficiar com a novidade.
Os dispositivos mais usados atualmente, inclusive os domésticos, funcionam, mas estão mais sujeitos a perda de cistos. A maioria deles leva em consideração a influência da temperatura e do oxigênio para a eclosão dos cistos, além de não possuírem formas de controlar os parâmetros num mesmo aparelho.
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