O Movimentos (acima) surgiu de um laboratório de debates no Complexo da Maré - Fotos de divulgação
O Movimentos (acima) surgiu de um laboratório de debates no Complexo da MaréFotos de divulgação
Por O Dia

O desinteresse por política é um antigo conhecido no Brasil, com o aumento da parcela dos chamados 'isentões' e mesmo negação de instituições democráticas. Na parcela dos jovens no Rio de Janeiro, a redução no número do eleitorado entre 16 e 24 anos foi expressiva entre 2016 e 2020: de 342 mil para 262 mil, segundo dados do TSE. Mesmo com a redução de 30%, essa geração reforça seu papel de engajamento na esfera pública.

Um pequeno laboratório de juventude no Complexo da Maré rapidamente se tornou espaço de discussão para moradores de periferias e favelas: a política de drogas. Em 2016, militantes se reuniram para debater as implicações das drogas nessas localidades, de segurança pública ao racismo. Hoje, o Movimentos tenta espalhar a discussão com ampla base de estudo com especialistas na área. De jovens, para jovens. 

"Essa discussão já existia antes, mas nunca pautava quem realmente sofria com a política de drogas. A droga não se faz nas favelas, e a favela sofre com toda essa guerra, violência armada, operações policiais quase diárias", afirma Thaynara Santos, coordenadora de comunicação do Movimentos. Ela destaca que procuram dar voz aos jovens de comunidades, permitindo o engajamento para decidir as mudanças desejadas.

O Movimentos atua em pré-vestibulares e escolas para debater e apresentar a cartilha sobre drogas, e com as ações Movimente-se, encontro nacional com jovens ativistas periféricos, e o Residência Movimentos, imersão sobre estudos da política de drogas. O projeto ainda não tem ligação direta com a política, mas já consegue mudar a vida da população local.

As ambições de mudança também inspiraram o RioMais, laboratório criado em março por universitários para discutir e pesquisar sobre políticas públicas, e apela para maior interesse da juventude na cidade. "O que temos percebido é que os jovens apresentam desconhecimento sobre a cidade e sobre cidadania", afirma Lucas Antoun, um dos membros do RioMais. Ele sintetiza, ainda, o poder da juventude: "Ter combustível e acreditar em uma cidade melhor".

O projeto apartidário e sem fins lucrativos, apesar de recém-arquitetado, já tem a proposta de se debruçar sobre os grandes problemas da cidade e, em 2024, o RioMais vai apresentar o diagnóstico para que a própria população apresente soluções. Depois, vão enviar o resultado para o futuro prefeito e para a Câmara dos Vereadores como medidas a serem implementadas. 

 

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