Castro quer mostrar à União que Rio está fazendo 'dever de casa'  - Rafael Campos
Castro quer mostrar à União que Rio está fazendo 'dever de casa' Rafael Campos
Por Marina Cardoso

Rio - Após Wilson Witzel (PSC) ter sido afastado do cargo de governador pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Benedito Gonçalves, por 180 dias e a Polícia Federal ter cumprido 13 mandados de prisão, o governador interino Cláudio Castro se reuniu na manhã deste sábado com o secretário de Saúde, Alex Bousquet, e subsecretários para discutir sobre os números de casos de covid-19 no Estado do Rio. O encontro foi no Palácio Guanabara, em Laranjeiras. Castro afirmou que não se pode perder o foco da pandemia. Witzel, porém, aguarda, na próxima quarta-feira, decisão do STJ se fica ou não afastado do cargo.

No segundo dia como governador, Castro se reuniu com representantes da Saúde que está sob os holofotes após os escândalos de supostos esquemas de corrupção. Em nota, o governador interino afirmou que o principal ponto é o coronavírus. "Saúde é prioridade, por isso, o acompanhamento sistemático para manter nossas ações na capital e no interior. Vamos unir nossos esforços com outras esferas de poder e trabalhar com diálogo e parceria, além de reforçar os instrumentos de controle e transparência", disse. 

O secretário de Saúde apresentou ao governador mudança nos critérios de notificação dos casos da covid-19 e reforçou o aumento na quantidade de testes aplicados. "A primeira reunião nos trouxe a tranquilidade de que continuaremos tendo autonomia técnica para tomar as decisões corretas na área da Saúde e que trabalharemos em conjunto. Nosso foco é fazer o melhor para a população", pontuou Bousquet.

Na segunda-feira, Castro vai se reunir com todo o secretariado e depois conversar separadamente com a Secretaria de Fazenda, Secretaria de Planejamento e Saúde e Educação para tratar do regime de recuperação fiscal e a retomada das aulas. Também está previsto na agenda encontro com representantes do governo federal para discutir sobre a situação da Cobal do Humaitá, que está sob o risco de fechar após os lojistas terem recebido ordens de despejo. 

 

Próximos passos do afastamento de Witzel
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Embora afastado, Wilson Witzel espera, na quarta-feira, decisão de todos os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para saber se permanecerá fora do cargo pelos próximos seis meses. Para especialistas, a decisão deverá ser mantida.
Segundo o cientista político Geraldo Tadeu, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é prática dos ministros do STJ consultar informalmente outros ministros para não terem surpresas. "Embora não abram mão de decidir monocraticamente, eles fazem consultas prévias para que não tenha objeto de contestação. Acredito que se mantenha a decisão", afirmou.
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Para Michael Mohallem, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), a situação de Witzel só se agrava. "O governador está fragilizado, sem apoio político e o fato inusitado é a possibilidade de dupla suspensão. A decisão do STJ deve contribuir com os argumentos para o processo de impeachment na Alerj. Com os últimos desdobramentos, a primeira etapa será rápida e influencia negativamente", explicou. 

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Deputado e prefeito refutam acusações
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André Ceciliano (PT), deputado estadual e presidente da Alerj, é um dos nomes que aparece no esquema de desvio de dinheiro público citado pelo ex-secretário de Saúde Edmar Santos. Entretanto, em entrevista ao UOL, o parlamentar afirmou que a denúncia é descabida. 
Para Ceciliano, "estão querendo contaminar a linha sucessória do governador do Rio". Ele ainda questionou se vão querer dar de bandeja o estado para um político do PT governar. Na sexta-feira, ele foi alvo de mandado de busca e apreensão em sua casa e no gabinete da Alerj.
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Também ontem, o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, se manifestou após delação apontar que ele fez acordo com Wilson Witzel no valor de R$ 100 milhões. "O prefeito não é réu na ação penal, bem como ressalta que seu nome é citado apenas três vezes em mais de 120 páginas de petição, citações essas de forma reflexa, sem qualquer conexão ou envolvimento direto ou indireto com os fatos que ensejaram a denúncia ofertada pelo Ministério Público".
Reis ressaltou que todas as verbas repassadas pelo Estado do Rio à Prefeitura de Caxias foram empregadas devidamente, "não tendo sido apontada qualquer irregularidade por parte dos órgãos estaduais e federais de controle".
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Praias ficam cheias no Rio
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O Estado do Rio chegou neste sábado a 16.016 mortes por coronavírus, com 157 novas mortes nas últimas 24 horas. Já o número de casos de covid-19 está quase próximo dos 223 mil infectados. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, o boletim acumula os dados que seriam divulgados na sexta-feira, o que não ocorreu por um problema técnico. Em todo o país, o Brasil ultrapassou mais de 120 mil vidas perdidas e mais de 3,8 milhões de diagnosticados com o vírus desde o começo da pandemia.
Mesmo com alta no número de mortes e casos em todo o estado, a cidade do Rio teve praias cheias em um sábado de muito sol. Banhistas ocuparam boa parte das praias de Copacabana e Ipanema, desrespeitando mais uma vez a permanência nas faixas de areia. 
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