Danillo Oliveira, 24, foi preso após ser reconhecido em uma foto antiga de sua conta no Facebook; desde o ano passado, no entanto, jovem usa cabelo comprido, diz defesaReprodução/ Arquivo Pessoal
Por Beatriz Perez
Publicado 19/08/2020 14:08 | Atualizado 19/08/2020 19:11
Rio - A família de Danillo Félix Vicente de Oliveira, de 24 anos, tenta provar a inocência do jovem, preso no último dia 6, por volta das 19h, na Rua Marquês de Caxias, no Centro de Niterói, quando estava sentado na calçada conversando com um amigo. A companheira de Danillo, Beatriz Faria, de 21 anos, diz que o jovem foi reconhecido como autor de um roubo a mão armada por fotos antigas do Facebook e que Danillo não apresenta as características do suspeito, descritas pela vítima do crime.
Beatriz ressalta que imagens de câmera de segurança do local não foram usadas para identificar o culpado. "A vítima fala que no local do crime havia câmeras de segurança. Nós não conseguimos ter acesso até hoje. Já tentamos de todos os jeitos. Essas imagens vão ser cruciais para provar que (o suspeito) não era o Danillo", conta.
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"Não procuraram prova nenhuma, já mandaram prisão preventiva. Por que a polícia não averiguou antes de prendê-lo? Outro detalhe do caso é que o celular da vítima registrou a última localização no bairro Apolo III, em São Gonçalo, nada a ver com o lugar que moramos, no Centro de Niterói".
O crime ocorreu no dia 2 de julho, por volta de 22h, perto da Concha Acústica de Niterói. Na delegacia, a vítima descreveu o autor do roubo como um homem pardo, com bigode fino e de cerca de 20 anos. Danillo é negro, tem barba e mantém o cabelo comprido com dreads desde o ano passado, segundo a defesa. " O Danillo tem cabelo grande. Característica que certamente teria sido citada, caso ele fosse o culpado. Reconheceram o Danillo por fotos do Facebook de 2017, época em que ele tinha o cabelo bem baixinho e bigode fino", diz Beatriz.
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Para a defesa, Danillo está preso por conta de um reconhecimento fotográfico falho. A advogada Cristiane Lemos critica a falta de outras diligências para embasar o pedido de prisão preventiva. O jovem não tem antecedentes criminais, tem um filho de um ano e três meses com Beatriz e possui residência fixa.
"Infelizmente, isso acontece com muitos jovens negros moradores de comunidade por conta dessas prisões proferidas sem o mínimo de cuidado. Pelo menos poderiam ter diligenciado as câmeras. O simples reconhecimento é muito pouco para determinar uma prisão. Existe a falha humana. Quem acaba de ser assaltado está com adrenalina muito alta, não consegue fazer os registros precisos do suspeito a ponto de condenar uma pessoa", afirma a advogada. 
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Danillo trabalhava até março deste ano como funcionário terceirizado para o gabinete da reitoria da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde também já prestou serviços no bandeijão. Depois de não ter o contrato renovado, após voltar de uma licença médica, Danillo passou a trabalhar com Beatriz em entregas de uma loja virtual, conta a companheira. 
Beatriz conta que se sente revoltada com a prisão: "Nunca na minha vida eu pensei que isso aconteceria comigo. Sei que todos os dias jovens são presos e mortos injustamente. Sinto muita tristeza. Ele já tá lá há quase 15 dias pagando por um crime que não cometeu. Aqui fora, a gente está na correria para defendê-lo, mas, para ele, cada dia na prisão é como se fosse um ano".
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A defesa entrou com um pedido de revogação de prisão preventiva, que teve parecer contrário por parte do Ministério Público, e aguarda a decisão da Justiça sobre o pedido.
De acordo com a 76ª DP (Niterói), o inquérito foi concluído com base nos elementos produzidos nos autos e submetido à apreciação do Ministério Público na forma da lei.
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O Tribunal de Justiça informa que a pesquisa feita a partir do nome de Danillo (com um "L" só) indicou a existência de duas denúncias do MP contra ele pelo crime de roubo. Em ambas houve a decretação de prisão preventiva.
A defesa de Danillo diz que tem provas contra as duas denúncias. "A foto do Danillo está sendo exposta na delegacia para vítimas de assalto. Infelizmente, estão vindo denúncias conta o Danillo por conta do reconhecimento fotográfico falho. A gente tem provas de sua inocência", diz a advogada Cristiane Lemos.
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Em nota, o MPRJ disse que "a Promotoria de Justiça junto à 1ª Vara Criminal de Niterói se manifestou pela manutenção da prisão preventiva de Danillo Félix Vicente de Oliveira porque ele foi reconhecido pela vítima no dia posterior ao crime, através de fotografias existentes na delegacia e no Facebook". Confira a nota na íntegra:
"A Promotoria de Justiça junto à 1ª Vara Criminal de Niterói informa que se manifestou pela manutenção da prisão preventiva de Danillo Félix Vicente de Oliveira porque ele foi reconhecido pela vítima no dia posterior ao crime, através de fotografias existentes na delegacia e no Facebook.
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Além disso, Danillo Félix Vicente de Oliveira foi reconhecido por outras duas vítimas em procedimento instaurado perante à 4ª Vara Criminal de Niterói, no qual ele foi denunciado juntamente com a pessoa sobre a qual a defesa alega ter havido confusão.
Esta mesma pessoa e Danillo também foram reconhecidos por outras três vítimas em outros dois ROs, ainda sem denúncia, também por roubos praticados com características semelhantes.
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A promotoria reafirma que os argumentos defensivos não se sustentam quando diversas vítimas, que não se conhecem, reconhecem não somente Danillo, como também a outra pessoa, de modo que a autoria de um não exclui a do outro.
A promotoria ressalta que a defesa já tem acesso a sua manifestação, já anexada aos autos do processo".
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