Setembro Dourado: mês da conscientização sobre o câncer infantojuvenil - ARTE: KIKO
Setembro Dourado: mês da conscientização sobre o câncer infantojuvenilARTE: KIKO
Por Letícia Moura*

O mês de setembro chama atenção para duas importantes campanhas: a conscientização sobre o câncer infantojuvenil e a prevenção do suicídio. Nas duas situações, especialistas recomendam que as famílias observem os sinais e procurem profissionais especializados para o tratamento médico e psicológico. Vale lembrar que as batalhas podem ser vencidas, mas o assunto não pode ser ignorado durante o ano.

Conhecida como Setembro Dourado, a campanha nacional busca conscientizar pais e responsáveis sobre os sintomas do câncer nos mais jovens, uma vez que o diagnóstico precoce amplia as chances de cura. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), hoje, em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados.

O instituto também avalia que "a maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado". Ainda conforme o Inca, nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi extremamente significativo.

De acordo com o diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e Coordenador do Comitê de Tumores Geniturinários, Igor Morbeck, o câncer infantojuvenil, bem como em adultos, dá sinais de alerta.

"A criança, por exemplo, deixa de brincar e começa a ficar mais quietinha no canto dela. Ela pode ter perda de apetite, começa a emagrecer e apresenta palidez, que geralmente é notada pelos pais. Outro sintoma importante é a febre, porque depois de descartadas todas as causas principais, de infecções, é preciso pensar em câncer. Porque tanto leucemia como linfoma dão sinal de uma infecção oportunista, por conta de uma alteração no sistema imunológico. Outro sinal que eventualmente aparece, e também é notado pelos pais, são alguns nódulos no pescoço ou em alguma outra parte do corpo, como a axila, por exemplo", comenta.

O médico ainda explica que o principal sintoma é a dor "de causa inesperada, não relacionada aos traumas, atividade física ou acidente. Isso é suspeito, essa dor pode aparecer em algum membro, por exemplo, pode ser sarcoma, que é um tipo de tumor comum em pacientes entre 10 e 16 anos, aproximadamente".

A médica oncologista e membro da Comissão Científica do Programa de Diagnóstico Precoce do Instituto Ronald McDonald, Teresa Fonseca, esclarece que não é possível fazer a prevenção primária nas crianças. Mas adverte: "Nós podemos e devemos fazer o diagnóstico precoce quando a doença está nos primeiros sinais e sintomas, o que além de aumentar a chance de cura, traz um tratamento menos agressivo e com menos sequelas".

 

Prevenção ao suicídio: é preciso eliminar os tabus e abrir-se mais ao diálogo
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Algumas pessoas ainda tratam o suicídio como tabu, mas o diálogo tem papel fundamental na prevenção. O médico psiquiatra Ariel Lipman enfatiza que a depressão não é uma escolha, frescura ou fraqueza. "Precisamos entender a depressão com a mesma seriedade, respeito e solidariedade quanto câncer, infarto ou outras doenças. Respeitar as limitações de quem sofre com a doença também é fundamental. Ajudar o paciente a se tratar, fazendo o link com os profissionais envolvidos no tratamento também pode se mostrar um fator primordial no sucesso do tratamento".
"É primordial entender que depressão não se trata com palavras de incentivo. Frases como "basta se esforçar que você melhora" ou "não tem como melhorar se você não sai da cama", só aumentam o sofrimento do paciente pois agrava alguns sintomas que comumente estão presente nesses quadros como sentimento de inutilidade, menos valia, baixa auto estima", explica Lipman.

Nesta quinta-feira, 10, a campanha Setembro Amarelo tem como data símbolo o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, que visa a conscientização, a desmistificação e prevenção do suicídio. E durante o mês, Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) vai fazer eventos online, palestras e outras ações, com o objetivo de fomentar a ação efetiva para a prevenção de doenças mentais e ajudar na desmistificação.
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Para Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP, "a campanha tem como objetivo informar corretamente à população sobre os fatores de risco e proteção para a prevenção ao suicídio promovendo a saúde mental, prevenindo doenças, auxiliando no reconhecimento das doenças mentais desde os seus primeiros sinais, para podermos fazer intervenção precoce, além de discutir sobre o estigma que existe acerca do tema.
"O suicídio é uma causa de morte evitável, desde que as doenças mentais de base sejam tratadas adequadamente e acompanhadas por um médico psiquiatra", reforça Silva.
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O Centro de Valorização da Vida (CVV) disponibiliza atendimento gratuito e sob sigilo, para apoio emocional. Se quiser conversar, entre em contato pelo número 188 ou acesse cvv.org.br.
*Estagiária sob supervisão de Bete Nogueira 
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