Um estudo divulgado pelo Instituto da Catarata chama atenção para a ligação entre a pandemia e a queda de atendimentos de pacientes em tratamento e com necessidade de cirurgia. "Desde meados de março até final de junho, a redução foi de mais de 90%, de cirurgia e de consulta. Desde julho, o movimento mostrou uma reação bem aquém do esperado. O volume de consulta e cirurgia de catarata é algo em torno de 70% menor do que foi historicamente", explica o oftalmologista Lucas Safady, diretor do instituto.
Segundo ele, a orientação de ficar em casa e o medo de se contaminar no deslocamento ou na unidade de saúde são os principais motivos para essa ausência de pacientes. Safady vai além e conta que, por mais que a cirurgia de catarata seja um procedimento seletivo sem caráter de urgência, ele não pode ser adiado indefinidamente.
"A catarata é uma alteração progressiva. Quanto mais avançada estiver na ocasião da cirurgia, maior é o potencial de complicação que você tem no procedimento e mais incerto é o resultado", destaca ele.
O médico ressalta que não é o caso de esperar a pandemia passar, fazer a cirurgia e que tudo dará certo do mesmo jeito que antes. Muitos casos que no início do ano eram moderados, com o passar do tempo estão se tornando mais graves. E aqueles que já eram graves no início, agora são casos com potencial de complicação muito maior. "A progressão da catarata pode trazer desdobramentos prejudiciais, como inflamação, aumento da pressão intraocular, podendo adquirir caráter irreversível", alerta.
"O que precisa ficar de mensagem importante é que o paciente não pode deixar de ser avaliado", pontua.