Agentes em endereço da Gardênia Azul - Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
Agentes em endereço da Gardênia AzulReginaldo Pimenta / Agência O DIA
Por RAI AQUINO e THUANY DOSSARES
Rio - A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e o Ministério Público estadual (MPRJ) fizeram, nesta quarta-feira, a Operação Déjà vu, para cumprir seis mandados de busca e apreensão (quatro no Rio e dois em São Paulo) contra uma milícia que age na Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio. Dentre os alvos estão o ex-vereador Cristiano Girão e o sargento Fábio da Silveira Santana, do 18° BPM (Jacarepaguá).
O grupo paramilitar é apontado como responsável pela morte do ex-PM André Henrique da Silva Souza, conhecido como Zóio, de 31 anos, e sua esposa Juliana Sales de Oliveira, 27, em junho de 2014, na Rua Capori, na Gardênia. Na ocasião, o casal estava em um Honda Civic quando foi atingido com vários tiros disparados por criminosos que estavam em um Fiat Doblô que emparelhou com o deles.
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Apenas André era alvo dos milicianos. Ele já havia sido foi preso em agosto de 2009, acusado de envolvimento com uma milícia de Campo Grande, também na Zona Oeste. A motivação do crime foi uma disputa territorial entre os dois grupos paramilitares. Girão teria contratado o sargento Fábio para a execução.
O PM reformado Ronnie Lessaum dos acusados pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, também é investigado como um dos executores do crime.
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Agentes em endereço da Gardênia Azul Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
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SEMELHANÇA COM CASO MARIELLE
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De acordo com o chefe do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), o delegado Antônio Ricardo Nunes, o crime realizado há seis anos tem as mesmas característica da execuções de Marielle e Anderson, em março de 2018.
"Os tiros concentrados, o veículo em movimento e até o fato de uma pessoa inocente, que não tinha nada a ver com a situação que era objetivo desses criminosos, que acabou sendo vitimada também, que era uma mulher, morreu junto com o desafeto da milícia da Gardênia", destacou Nunes.
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Os mandados no Rio foram cumpridos em endereços residenciais da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Gardênia Azul, e no Complexo de Gericinó, em Bangu, na cela de Leandro Siqueira de Assis, o Cabeção ou Gargalhone.
Cabeção é apontado como um dos chefes da quadrilha e foi preso em dezembro de 2018, dentro do Barra Music. A polícia disse que mesmo encarcerado, na Cadeia Pública Bandeira Stampa (Bangu 9), ele continua exercendo o domínio da organização criminosa.
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BUSCAS
Na residência do sargento Fábio, os agentes apreenderam dois celulares, que serão periciados. O PM não estava em casa. O irmão dele foi quem acompanhou as buscas.
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A polícia acredita que a operação de hoje pode ajudar na investigação da morte de Marielle e Anderson.
"Essa investigação de hoje tem como principal característica o modus operandi dessa quadrilha, dessa organização criminosa", acrescenta o delegado, dizendo que o nome da operação tem a ver com a forma de atuação do grupo.
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CASO PATRÍCIA AMIEIRO
O sargento Fábio é um dos quatro acusados no envolvimento no sumiço da engenheira Patrícia Amieiro. No dia 14 de junho de 2008, quando tinha 24 anos, a engenheira estava voltando de uma festa no Morro da Urca, na Zona Sul, quando foi alvo de tiros na saída do Túnel do Joá, na Barra. O carro de Patrícia caiu no Canal de Marapendi. O corpo dela nunca foi encontrado.
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Para o MPRJ, os PMs retiraram  o corpo da engenheira e o jogaram no canal para encobrir o crime. Em dezembro do ano passado, Fábio e outro militar (Márcio Oliveira dos Santos) foram inocentados pelo crime de fraude processual do caso. Os policiais Marcos Paulo Nogueira MaranhãoWilliam Luis do Nascimento, que teriam feitos os disparos, foram condenados por fraude processual, mas foram inocentados pela tentativa de homicídio.
Sobre o mandado de busca e apreensão contra o soldado do batalhão de Jacarepaguá, a Polícia Militar disse que "como tem demonstrado ao longo de sua história, não compactua e pune com o máximo rigor os desvios de conduta, quando constatados, cometidos por seus membros". 
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O DIA tenta contato com os outros citados na reportagem.