Cristiano Pinai com a família: tradição mantida - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Cristiano Pinai com a família: tradição mantidaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por Anderson Justino

O Dia de Cosme e Damião, data em que os devotos dos santos gêmeos distribuem doces para a criançada, é daqui a uma semana. Apesar da crise sanitária imposta pela covid-19, não há proibição para a celebração, e o comércio já começa a se movimentar. Ontem, em Madureira, um dos principais centros comerciais da capital fluminense, a procura dos consumidores pelos itens tradicionais da data, como suspiros, balas e pés-de-moleque, era grande. 

Mesmo com as recomendações de distanciamento social, as ruas estavam cheias. Dentro das lojas, funcionários orientavam clientes a seguir as regras sanitárias para garantir a segurança nas compras.

"Sabemos que estamos no meio de uma pandemia, e o quanto a doença é perigosa. Mas não podemos deixar que a tradição seja apagada. Vamos tomar toda a precaução, mas vamos distribuir os doces este ano, sim. A gente sabe que muitas crianças não sofrem com esse vírus, mas podem levá-lo para dentro de casa. Por isso, vamos tomar todo cuidado. Evitar aglomeração ao máximo é regra de ouro", explicou a dona de casa Gisele Rocha, de 32 anos, moradora de Ricardo de Albuquerque.

Ao lado da família, o vendedor Cristiano Pinai, de 47 anos, morador do bairro Piedade, saiu às compras. Para ele, a tradição tem que prosseguir mesmo na pandemia.

"O cenário é diferente. Mas creio não haver problemas se seguirmos as recomendações dos órgãos de saúde. As crianças esperam todos os anos por esse momento, não podemos decepcioná-las. Vamos higienizar os saquinhos antes da distribuição e evitar aglomerações", diz.

Apesar da queda nas vendas em comparação com o ano passado, comerciantes de Madureira dizem que a procura pelos doces tem sido grande mesmo na pandemia.

"A gente acreditava que o ano já estava perdido, mas as pessoas estão voltando a consumir e não deixaram a data de lado. O que percebo é que as famílias estão vindo em menor número comprar os doces. Antes, a gente via família de cinco até dez pessoas aqui dentro da loja, hoje no máximo vêm três", disse Rodrigo Garanito, gerente da loja de doces Big 2000.

REGRAS DE SEGURANÇA

A Prefeitura do Rio disse que a tradicional de distribuição de doces no Dia de São Come e Damião está permitida, e explicou que "as atividades religiosas devem seguir todas as medidas obrigatórias de prevenção e combate à covid-19, como o distanciamento de dois metros entre as pessoas, uso obrigatório de máscaras, além de controle para evitar a aglomeração".

Aglomeração está vetada
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Apesar de a cidade ter passado pelo pico da doença entre os meses de abril e maio, o risco de contaminação ainda é alto. Pesquisadora em saúde da UFRJ, Chrystina Barros orienta que evitar a aglomeração é fundamental para uma distribuição de doces segura. 
"O que as pessoas precisam entender é que fazer aglomeração não é o correto. As pessoas que embalarem esses doces precisam estar higienizadas. A distribuição em si, não mantém nenhum tipo de risco, pois sabemos que a transmissão do vírus pelas superfícies tem um papel secundário para a contaminação", explica a pesquisadora.
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No bairro Pechincha, um morador da Rua Ana Silva decidiu quebrar tradição depois de 35 anos distribuindo doces para a garotada. Para evitar aglomeração, o devoto optou por suspender sua participação na festividade. O aviso estava em uma faixa que afixou na porta de sua casa.
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