Por O Dia
Os profissionais de saúde do estado do Rio continuam sofrendo com imbróglios entre Organizações Sociais e Governo do Estado, e o resultado traz um quadro desesperador: salários atrasados há meses, falta de pagamento de multas rescisórias e abalo psicológico profundo. Na manhã de ontem, funcionários e ex-funcionários de hospitais estaduais, dos Hospitais de Campanha do Maracanã e de São Gonçalo e do SAMU protestaram em frente ao Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio, pelo pagamento de salários, valores rescisórios e por baixa na carteira de trabalho.
Libia Bellusci, diretora do Sindicato dos Enfermeiros do Rio (SindEnfRJ) e uma das organizadoras da manifestação, aponta que funcionários de oito unidades de saúde estaduais passam por grandes dificuldade para encher a geladeira. "Nós estamos aqui porque estamos sem pagamento, muitos estão sem verbas rescisórias no Hospital de Campanha do Maracanã e no Hospital de Saracuruna. Os trabalhadores do SAMU foram todos jogados no lixo", destaca. 
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No começo de setembro, a Fundação Saúde abriu edital de processo seletivo para 470 vagas no SAMU mas, segundo Libia, nenhum funcionário da OZZ, OS geria o SAMU, foi reaproveitado. Os profissionais também pediam a anulação do edital. A promessa de recontratação foi apresentada pelo secretário de Saúde, Alex Bousquet, em entrevista à TV Globo, no dia 18 de agosto. O bombeiro entregou o cargo na quinta-feira, mas segue como interino até que seja indicado um novo ocupante. 
Segundo levantamento do SindEnfRJ, estão com ao menos um mês de pagamentos atrasados os funcionários do Hospital de Anchieta, dos Hospitais de Campanha do Maracanã e São Gonçalo, do SAMU, do Hospital de Saracuruna, do Hospital de Traumatologia e Ortopedia, do Hospital da Mãe, do Hospital Carlos Chagas, da UPA São Pedro e do Hospital Alberto Torres. Além disso, profissionais dos Hospitais de Campanha, do SAMU e do Hospital de Saracuruna aguardam pagamento da rescisão, devido ao rompimento de contrato entre OSs e Governo do Estado em 2020. 
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A Fundação Saúde afirma que, apesar da ideia inicial do secretário de Saúde de reaproveitar os profissionais do SAMU, contratados da OZZ, o Jurídico da empresa decidiu abrir processo seletivo normal "para dar chance a todos os profissionais". Entretanto, a pasta destaca que, dado que um dos critérios exigidos é ter dois anos de experiência em atendimentos de urgência, os ex-funcionários do SAMU teriam vantagem no processo. 
A Iabas, OS que foi responsável pela gestão dos Hospitais de Campanha estaduais, informa que pagou os salários dos funcionários até maio mas que, com a intervenção da Fundação Saúde, empresa do governo do estado, nos contratos em junho, a responsabilidade com todas as despesas passa diretamente para o Estado do Rio.
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Meses de sofrimento no HEAT
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O alívio do pagamento de julho na conta durou pouco para funcionários do Hospital Alberto Torres, em São Gonçalo. Os desgastes com a OS Lagos Rio, responsável pela gestão da unidade, resultaram, agora, na redução acentuada no número de funcionários trabalhando e no ainda atrasado pagamento de agosto. Por falta de pessoal, a unidade está recebendo apenas pacientes em estado grave. 
Escalas de funcionários obtidas pela reportagem apontam sobrecarga de técnicos de enfermagem e enfermeiros do HEAT. Ontem, apenas dois técnicos puderam comparecer, cada um responsável por 14 leitos, sendo que o ideal seria cobrir, em média, três pacientes. Além disso, funcionários relatam falta de medicamentos, como antibióticos e remédios para a dor.
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A Secretaria Estadual de Saúde informa que os salários de agosto foram tranferidos para a Lagos Rio na sexta-feira, dia 18. A OS nega ter recebido a transferência.