Prefeitura anunciou abertura de 95 leitos para Covid-19 no Hospital Ronaldo Gazolla, em Acari - Gilvan de Souza
Prefeitura anunciou abertura de 95 leitos para Covid-19 no Hospital Ronaldo Gazolla, em AcariGilvan de Souza
Por Letícia Moura* e Julia Noia*

Enquanto os transportes públicos, praias e bares estão lotados, o plantão noturno da Defensoria Pública, que atende diariamente à população fluminense, das 18h às 11h, registrou aumento no número dos pacientes com covid-19 que buscaram a Justiça para conseguir leitos de UTI, na última semana. Segundo Michele Leite, coordenadora do plantão, os defensores atenderam, nos últimos sete dias, cinco casos de covid-19 envolvendo a espera por vagas nas unidades intensivas. Isso representa mais de um quarto do total contabilizado em todo o mês de agosto, quando 19 ações judiciais foram movidas, para obter leitos de UTI e de enfermaria. Ainda conforme Leite, entre os dias 1º e 27 de setembro foram 14 demandas. Já em junho e julho foram 12 e 13 ações, respectivamente.

A defensora explica que, em relação aos cinco casos, três deles foram contra a rede pública, um contra plano de saúde e o outro contra plano de saúde ambulatorial e órgãos públicos. "Porque, nesse caso, como a pessoa só tem o plano de saúde ambulatorial, a gente demanda contra ele e contra os órgãos públicos, já que o paciente não tem o direito contratual à cobertura pelo plano. Então, o convênio tem que manter, em caso de urgência, o paciente internado até que o estado e município providenciem uma vaga na rede pública", esclarece.

"No dia 11 de setembro, o plantão atendeu três casos e isso não acontecia desde maio, quando foi o pico, com 101 ações relacionadas ao coronavírus", disse a defensora, acrescentando que em relação aos leitos não-covid há uma "média consistente de pedidos". No total, foram 42 requisições na última semana.

"Apesar de a gente ter visto um aumento significativo na última semana, dos casos de covid, que não tínhamos visto com tanta consistência nas semanas anteriores, não tivemos crescimento anormal de ocorrências em relação às outras demandas", ponderou Leite.

De acordo com o Painel Rio Covid-19, a média móvel de casos na cidade nos últimos dias está em 684. No dia 20, a média móvel dos sete dias anteriores era 404. A taxa de ocupação de leitos de UTI para covid-19 na rede SUS, que inclui esferas municipais, estaduais e federais, é de 79% na capital. Já a taxa de ocupação nos leitos de enfermaria é de 50%.

Ontem, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que a taxa de ocupação, estava em 19% em leitos de enfermaria e 48% de UTI.

 

 

Alerta vermelho para a abertura de leitos para covid-19
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O crescimento alarmante do número de casos de covid-19 no Rio se reflete nas medidas governamentais para mitigar a sobrecarga do sistema de saúde. No dia 18 de setembro, a prefeitura do Rio anunciou parceria com o Ministério da Saúde para a abertura de 95 leitos para covid-19 no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, e no Hospital de Campanha do Riocentro, em Jacarepaguá. A pneumologista da Fiocruz, Patrícia Canto, aponta que isso é um alerta para a população de que a gravidade da doença não diminuiu.
"Essa perspectiva de abertura do número de leitos serve justamente para dar suporte ao aumento repentino do número de adoecimentos. Isso já é um sinal que as autoridades sanitárias estão preocupadas", explica Patrícia. Segundo ela, esse movimento aponta para o aumento de mortes e de casos graves da covid-19 no Rio de Janeiro, dado também pela falta de preocupação da população com as medidas de proteção.
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Os mantras da pandemia continuam: distanciamento social, uso de máscara e lavar bem as mãos. "As pessoas não acreditam nisso, mas tem sido a única medida eficaz porque ainda não temos vacina. Não tem outra forma da gente controlar a pandemia se não for através do sacrifício individual", destaca.
O impacto da covid-19 em populações em situação de vulnerabilidade social, com menos acesso a serviços de saúde e possibilidade de distanciamento social, foi comprovado por estudo realizado pela Fiocruz em parceria com FGV e Northeastern University, publicado em 18 de setembro.
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Leitos com alta taxa de ocupação
O Hospital Regional Zilda Arns, em Volta Redonda, uma das principais unidades hospitalares fluminenses a receber pacientes com covid-19, continua atuando no tratamento de contaminados pelo coronavírus. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), a unidade conta com 149 leitos de enfermaria e 80, de UTI, dedicados exclusivamente a pacientes com a covid-19. Destes, 33 de enfermaria e 25, de UTI, estão ocupados no momento.
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A rede estadual mantém 151 leitos de UTI destinados a pacientes com a doença, com 71, ocupados; e 171 de enfermaria, com 34 ocupados. A força de combate à covid-19 na rede aumentou ontem, com 20 leitos de enfermaria e 10 de UTI abertos no Hospital Estadual de Anchieta para atender pacientes com o coronavírus.
Na capital, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) aponta que há 529 leitos de UTI e 695 leitos de enfermaria disponíveis a pacientes com a covid-19 nas redes municipal, estadual e federal. Segundo levantamento de ontem, 422 leitos de UTI e 353 de enfermaria estão ocupados.
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*Estagiárias sob supervisão de Gustavo Ribeiro
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