Imagem foi recuperada após 46 anos - Divulgação
Imagem foi recuperada após 46 anosDivulgação
Por O Dia
Nesta terça-feira, foi realizada a apreensão e o reconhecimento de uma imagem do acervo da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Duque de Caxias. A escultura foi furtada em 1974 e constava na lista de bens procurados pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) desde 2016. Apreendida em Belo Horizonte, a obra integrava ilegalmente o acervo de um colecionador privado.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) acompanhou o reconhecimento na Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal na capital mineira. Também estiveram presentes representantes da Mitra Diocesana de Duque de Caxias, instituição responsável pela Igreja do Pilar. Após a recuperação, a imagem será acomodada junto a outras peças que compõem o acervo da Mitra.
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O paradeiro da obra começou a ser desvendado pela própria Mitra, quando a equipe de historiadores e restauradores da instituição identificou a imagem em um catálogo de obras de artes. A partir da suspeita, o Ministério Público e a PF foram acionados para dar início aos procedimentos de denúncia e investigação.
A imagem representa Betsabá, que figura na Bíblia como esposa do rei Davi e mãe do rei Salomão. A origem da escultura de um metro e 20 centímetros remonta à primeira metade do século XVIII. Apesar de apresentar fissuras e de faltarem alguns dedos, no geral apresenta bom estado de conservação.
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Ao lado da imagem do rei Davi, a santa compõe um conjunto escultórico que orna o coroamento, parte superior do principal altar do templo, o altar-mor. Enquanto Betsabá é apresentada de braços abertos, o seu par aparece tocando harpa. Após ser furtada, a imagem do rei Davi também foi apreendida pela PF e encontra-se atualmente em uma delegacia de São Paulo. Na delegacia, ainda consta um dos capitéis do altar-mor, igualmente furtado. Agora, essas peças passarão pelo mesmo processo de reconhecimento que identificou a escultura de Betsabá.
Segundo a Mitra Diocesana de Duque de Caxias, no contexto da arte barroca, as imagens auxiliavam na catequização dos fiéis, que não tinham acesso ao textos da Bíblia. A transcendência estética das obras fortalecia os ensinamentos religiosos através do encantamento dos devotos com a beleza artística.
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A igreja do Pilar e todo o seu acervo foram tombados em 1938, um ano após a criação do Iphan. O monumento está inscrito no Livro do Tombo das Belas Artes. Atualmente, o templo está passando por obras de restauração. O Iphan designou aproximadamente R$ 2 milhões para as intervenções, previstas para durar até dezembro de 2020. Após o encerramento dos trabalhos, o templo deve ser entregue à Mitra Diocesana no primeiro trimestre de 2021.
A edificação acumula mais de 300 anos de história. Nesse tempo, assistiu ao crescimento da cidade ao redor. O ano de 1720 marca o início da construção da Matriz nos moldes atuais. Hoje em dia, a Igreja dá nome ao bairro no qual se encontra, o bairro do Pilar.
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Tráfico de bens culturais
O Iphan, autarquia federal vinculada à Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo, participa do esforço internacional no combate ao tráfico de bens culturais por meio da manutenção do Cadastro Nacional de Negociantes de Antiguidades e Obras de Arte (Cnart).
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Além disso o Iphan dispõe de um Banco de Dados de Bens Culturais. Quando um bem cultural móvel tombado é furtado ou roubado, passa a integrar o Banco de Dados para que seja possível identificar e recuperar esse patrimônio, bem como devolvê-lo ao seu local de origem. Estes dados são repassados para a PF e a Interpol. Complementa os esforços, a manifestação do Instituto para aprovar a saída de determinados bens culturais do Brasil.