Publicado 05/09/2020 17:22 | Atualizado 05/09/2020 19:51
Rio - Músicos realizam na tarde deste sábado um ato cultural pela liberdade de Luiz Carlos Justino em frente ao presídeio de Benfica, onde está preso desde quinta-feira. Colegas, professores e familiares dizem que o músico de 23 anos foi preso por engano em Niterói, na Região Metropolitana. A vítima de um roubo cometido em 5 de novembro de 2017 reconheceu Luiz Carlos como autor do crime ao ver uma foto do músico na delegacia.
Na última quarta-feira, o jovem voltava com colegas de uma apresentação musical em uma padaria, quando o grupo foi abordado por uma equipe da Polícia Militar. Os policiais verificaram que Luiz tinha um mandado em aberto como autor de um assalto a mão armada e o conduziram à delegacia.
A professora de música Lenora Mendes conta que Luiz Carlos, morador da comunidade da Grota, em Niterói, participa da ONG Orquestra da Grota desde que tinha nove anos. Aos doze anos, ele escolheu o violoncelo como instrumento. Luiz Carlos completou o curso de formação em música, oferecido pelo grupo, em 2017. Hoje, Luiz ocupa uma cadeira na orquestra principal do Espaço Cultural da Grota.
"Nós temos uma orquestra principal em que sempre entramos em edital para que eles recebam pelos ensaios e apresentações. Este ano, com a pandemia, ficou prejudicado. Nós tocávamos duas vezes por mês. Agora, que a cidade de Niterói passou por uma flexibilização, eles começaram a tocar na rua. Foi quando voltava de uma apresentação com colegas, que Luiz foi preso", conta Lenora.
Luiz Carlos é casado e tem uma filha de 3 anos.
A Polícia MIlitar informou que a ocorrência foi realizada pelas equipes do Programa Niterói Presente.
Confira vídeo:
A Polícia Civil diz que Luiz Carlos da Costa Justino foi identificado em um inquérito de 2014 que apura o tráfico de drogas na comunidade Grota do Surucucu, em Niterói. "Ele foi apontado e reconhecido nominalmente por traficantes daquela localidade como integrante da organização criminosa", diz a 79ª DP (Jurujuba).
"Com base nessa identificação, além de cruzamento de dados de inteligência e monitoramento de perfis em redes sociais, foi criado um prontuário de pessoa física e a foto dele inserida no banco de imagens de suspeitos da unidade. Em 2017, ele foi reconhecido por uma vítima de roubo e teve o mandado de prisão expedido. O inquérito foi encaminhado para apreciação do Ministério Público e da Justiça, que deferiu a prisão", finaliza a Polícia Civil.
Já o Ministério Público do Rio diz que a denúncia, apresentada há cerca de três anos pela 6ª Promotoria de Investigação Penal da Central de Inquéritos de Niterói, teve como base as investigações realizadas pela polícia e o relatório da Autoridade Policial. "A denúncia foi oferecida porque se fizeram presentes os indícios da autoria e da materialidade do delito. As provas para a condenação ou absolvição do denunciado serão colhidas durante a instrução judicial, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa", diz o MP-RJ.
As provas para a condenação ou absolvição do denunciado serão colhidas durante a instrução judicial, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, diz o órgão.
Como o processo é físico, somente na terça-feira (08/09) ele estará disponível para análise pela promotoria em atuação perante a 2ª Vara Criminal de Niterói, juízo em que está tramitando.
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