Cristiane Brasil é pré-candidata à Prefeitura do Rio pelo PTBAssessoria
Por Thuany Dossares
Publicado 11/09/2020 16:02 | Atualizado 11/09/2020 18:53
Rio - A pré-candidata à prefeitura do Rio, Cristiane Brasil, que se entregou à polícia na tarde desta sexta-feira, pode ter saído de casa, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, momentos antes da chegada da Polícia Civil e do Ministério Público ao local. Ela foi denunciada na segunda fase da Operação Catarata, que investigou a fraude em contratos de licitação para a Fundação Leão XIII. Nesta etapa, foi descoberta a atuação de um núcleo político na organização criminosa.

Ao chegarem no apartamento da pré-candidata, às 6h, os agentes foram atendidos por sua filha e uma funcionária, já sem roupas de dormir. No entanto, a cama de Cristiane estava mexida. A pré-candidata chegou à Chefia da Polícia Civil, na Lapa, por volta das 15h40.

De acordo com o Ministério Público do Rio, a organização criminosa atuava na Secretaria Municipal de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida, na época que a pasta era administrada pela então vereadora Cristiane Brasil.

“Um primeiro contrato, da Qualimóvel, foi acionado por ela num valor de R$ 4 milhões, e entre maio de 2013 a maio de 2017, houve sucessivas prorrogações, termos aditivos, e aquele contrato inicial, passou a ter R$ 20 milhões. Parte desse dinheiro foi pago em propina para a senhora Cristiane Brasil, hoje denunciada e ré”, explicou o promotor Cláudio Calo.

Segundo Calo, os pagamentos à Cristiane eram feitos de três formas: em espécie, transferência bancária para duas “mulheres da mala”, que eram assessoras dela, e também atrás de pagamento de propina. “As provas são testemunhais, extratos bancários e e-mails, em que há solicitação de pagamento, inclusive, de contrato de licitação, de uso de bem imóvel”, esclareceu o promotor.

Ainda de acordo com a denúncia do MP, mesmo com sua saída da pasta municipal, e tornando-se deputada federal, Cristiane manteve influência na Secretaria de Envelhecimento Saudável, possibilitando os termos aditivos.
Cristiane Brasil fez vídeos a caminho da polícia
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Cristiane Brasil publicou quatro vídeos em seu perfil no Instagram, na tarde desta sexta-feira, a caminho da polícia. A pré-candidata, que aparece nas imagens em um carro, nega que tenha praticado crimes e diz que sua prisão tem motivação política. "A caminho de mais uma etapa difícil que enfrentarei de cabeça erguida. Não desisti da luta antes, não desistirei agora", escreveu na legenda. 
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"Estou indo me apresentar agora. É um absurdo que uma denúncia antiga de 2012, 2013, esteja sendo cumprida agora. Um mandado de prisão preventiva contra mim faltando dias para a eleição, contra mim, contra os dois principais candidatos.Isso num momento que minha candidatura se fortalece, e nós sabemos que têm interesses políticos por trás desses atos todos que acontecem. Eu estou de consciência tranquila de que a justiça será feita e os fatos serão esclarecidos a meu favor. Então, podem contar que em breve estarei novamente em liberdade e pronta para competir e ser prefeita do Rio de Janeiro", disse Cristiane. 
A política disse que seus únicos débitos são relativos à pendências bancárias. "Eu devo o banco, aliás, eu devo o empréstimo para pagar dois motoristas, que não mereciam. Devo cartão de crédito. Agora, estou devendo a faculdade da minha filha, porque investi o meu parco dinheiro na pré-campanha para concorrer à prefeita. Eu devo à várias pessoas, porque acredito na causa política, e não tenho nem carro, na verdade. Eu ando de Uber, de metrô, e não sei cadê esse enriquecimento ilícito. Então, gostaria de saber como eu beneficiei de um esquema de propina que não tenho nenhum contato, nenhuma relação com isso. Cadê os milhões?", indagou. 
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Cristiane diz que o mandado de prisão preventiva é uma injustiça. "O pastor Everaldo que está sendo acusado agora de desviar milhões da saúde do governo Witzel, que eu tenho certeza que está por trás dessa confusão toda de me prender. Até ele, foi preso em prisão temporária de cinco dias, depois foram dados mais cinco dias antes de transformar a prisão dele em preventiva. O meu caso, que é de 2013, estão tentando me enfiar num imbróglio, que é da Fundação Leão XIII, que é do Estado. Eles já me prenderam em prisão preventiva, para vocês verem como a caneta pesou na hora de me dar essa prisão."
No último vídeo a pré-candidata tece críticas ao governador em exercício, Cláudio Castro, e ao Ministério Público e Polícia Civil. "O mais interessante dessa história é que o governador em exercício, ele também está muito envolvido nessa história. Mas, se fossem prendê-lo, teriam que prendê-lo pelo STJ. Mas, para prendê-lo, não poderiam prender a gente. Então, tiraram ele desse pedido de prisão para poderem prender a nós bagrinhos e não prenderem o atual governador em exercício. O STJ negaria o pedido de prisão do atual governador. Isso quer dizer o quê? Vejo dedo político nesta história."