Mesmo diante da crise econômica ocasionada pela pandemia, o Rio registrou o melhor agosto para compra e venda de imóveis dos últimos quatro anos. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa e Análise da Informação do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio) mostrou que dos quinze bairros com mais transações de compra de unidades residenciais, oito estão localizados região. Liderando a lista estão a Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Jacarepaguá e Campo Grande.
Morador da Zona Oeste, o enfermeiro sanitarista Peter Wallace, de 41 anos, e sua esposa, fazem parte das estatísticas. O casal que já estava planejando a mudança e encontrou nesse tempo uma oportunidade para comprar um novo imóvel na Freguesia. "Estávamos há um tempo procurando imóvel, e neste ano já existia uma promessa de ser um bom momento para o mercado imobiliário, mas em março fomos surpreendidos com essa pandemia e suspendemos nossos planos temporariamente. Porém, assim que as coisas começaram a ser retomadas a gente percebeu uma movimentação no mercado, entramos em contato com o lugar que já tínhamos olhado e o apartamento ainda estava à venda. Por fim conseguimos comprar com um preço bem melhor", conta.
Para o gerente de negócios da imobiliária Apsa, Gustavo Araújo, alguns fatores ocasionados pela pandemia podem ter sido responsáveis pelo aquecimento do mercado. "A flexibilização das medidas de distanciamento social, a redução nos juros e a maior oferta de crédito imobiliário estão aquecendo o mercado no Rio de Janeiro. O crescimento de busca por unidades residenciais cresceu 77% entre junho e agosto, na comparação com os três primeiros meses do ano, antes da pandemia", explica Araújo.
Ele esclarece que os motivos são os mais diversos, mas destaca principalmente a necessidade de as pessoas se adequarem a uma nova realidade, seja profissionalmente (home office), no plano pessoal (novas opções de lazer e facilidades próximas às suas residências) ou no financeiro.
Com o valor médio de R$ 1,4 milhão para as transações de imóveis residenciais, a Barra está no topo. Mas outros bairros da região se destacam. No Recreio, o preço médio em cada transação chega a R$ 685,3 mil; em Jacarepaguá alcança os R$ 465,5 mil; e Campo Grande segue com os valores mais acessíveis (média de R$ 233,9 mil). De acordo com os dados do ITBI - imposto pago na compra do imóvel - fornecidos pela Prefeitura do Rio, o número de transações de compra e venda, de janeiro a agosto deste ano, chegou a 18.237, das quais 7.119 (39%) na Zona Oeste.
O vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider, explica a crescente procura pela região. "A Zona Oeste, pós-pandemia, vem se destacando porque tem grandes condomínios, com muito espaço, áreas de lazer, áreas ao ar livre seguras e até mesmo casas, que tiveram uma procura maior por causa da pandemia. Já na Zona Sul e na Zona Norte não há essa oferta. As pessoas precisam de mais espaço dentro de casa também, para toda a família".
Apesar da burocracia e da necessidade de um profissional, alguns pontos podem ser adiantados pelos proprietários, agilizando o tempo. "Alguns ajustes podem ser feitos por conta própria como: resolver as pendências de documentação, deixar o imóvel sempre com uma boa aparência, pintado, limpo e arrumado na hora das visitas; definir bem o preço porque o mercado está bastante objetivo; conhecer o público e reforçar os atributos positivos do imóvel como localização, serviços, vizinhança", ensina o gestor.
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