Rio - O traficante Nei Carlos Souza da Silva, conhecido por Ti Baiano, de 45 anos, usou o nome do atacante do Flamengo Bruno Henrique para se hospedar no Hotel Golden Park, na Praia de Ondina, em Salvador, onde foi preso na última quinta-feira. Ele fez o check-in na segunda. O hotel disse que Ti Baiano apresentou um documento com a falsa identificação.
O traficante estava com a mulher e a filha quando foi encontrado. Ele estava ocupando dois quartos do local e foi pego com R$ 61,3 mil em espécie e diversas joias em ouro. O documento que ele teria apresentado ao dar entrada no hotel não foi encontrado.
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"Ele alegou que estava em uma viagem de passeio, mas evidente que não acreditamos nessa versão, pela grande quantidade de dinheiro que estava com ele", enfatiza o delegado João Valentim, titular da 106ª DP (Itaipava), que participou da ação que prendeu o traficante.
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Ti Baiano foi localizado após troca de informações de inteligência entre agentes da Bahia e do Rio. A polícia colocou homens infiltrados no hotel, que acompanham os passos do criminoso. Um deles, inclusive, estava com a camisa do Fluminense.
"O procurado mantinha uma certa discrição por lá. Ele não descia para o café da manhã e só circulava por uma área mais reservada", afirma o delegado.
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O traficante chegou ao Rio em um voo fretado na noite desta sexta-feira, que pousou no Aeroporto Santos Dummont, no Centro, por volta das 22h. Ele foi levado à Divisão de Capturas e Polícia Interestadual (DC-Polinter) e deu entrada no sistema prisional do estado neste sábado.
LÍDER DA JOVEM FLA
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As investigações da polícia revelaram que o traficante age no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, e em áreas da Região Serrana como integrante da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Ele tem uma forte ligação com o Flamengo, inclusive já tendo sido líder da torcida organizada Jovem Fla, uma das maiores do time Rubro-Negro.
"Ele tem um vínculo grande com o Flamengo; já era um torcedor que tinha uma liderança na torcida, em meados dos anos 2000. No Parque União (na Maré), ele é dono de uma loja de produtos do time. O Flamengo não confirmou se a loja é oficial, mas tudo indica que ele comercializa produtos oficiais por lá", cogita Valentim.
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Traficante da Maré preso na Bahia chega ao Rio.
— Jornal O Dia (@jornalodia) October 24, 2020
Assista o vídeo:
Crédito: reprodução#ODia pic.twitter.com/HQRbZpe5s1
ELO COM TRAFICANTES DE SALVADOR
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Ti Baiano nasceu em Salvador e veio para o Rio em 1998, quando começou a se envolver no mundo do crime. Em 2000, ele foi condenado por roubo e ficou 11 meses na cadeia. Seis anos depois, ele voltou para a Bahia, se instalando no Complexo do Nordeste de Amaralina, que é a maior favela da capital baiana.
"Há uma investigação da Polícia Civil da Bahia de que os traficantes da Amaralina tem alguma ligação com criminosos do Comando Vermelho. Há a suspeita de que eles fazem intercâmbio de armas e drogas", conta Valentim.
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O traficante possui outras duas condenações por tráfico de drogas, cujas penas somam sete anos de prisão. Ele era procurado desde setembro do ano passado. Contra ele havia três mandados de prisão em aberto, dois pelas condenações, e o mais recente, de 20 de setembro deste ano, de prisão temporária por um homicídio.
EXPANSÃO PARA A REGIÃO SERRANA
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No Rio, Ti Baiano é um dos aliados do homem apontado como o chefe do tráfico de drogas do Parque União e da Nova Holanda, ambas comunidades da Maré, Rodrigo da Silva Caetano, o Motoboy, 40. Além de elo entre o CV com a Amaralina, em Salvador, o traficante também é apontado como responsável pela expansão da facção para a Região Serrana.
"O Comando Vermelho tem um projeto de poder que é o domínio territorial de todas as comunidades do estado. Na Região Serrana, quase a totalidade das comunidades tem influência do Comando Vermelho", destaca o delegado de Itaipava.
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Em Três Rios, Ti Baiano é investigado pela participação de um homicídio praticado no último dia 7 de setembro. Na ocasião, um adolescente foi levado por criminosos para uma região afastada da área central do município e executado friamente com tiros na cabeça. O crime foi filmado e o vídeo divulgado para aterrorizar os moradores da região.
"A investigação prossegue para identificar outros traficantes com ascensão na quadrilha, com a finalidade de entender o funcionamento e a hierarquia entre esses criminosos", avisa Valentim.
