Fuzis feitos com diferentes peças são mais comprados por criminosos. Na foto, uma apreensão da PMDivulgação / Polícia Militar
Por Thuany Dossares
Publicado 25/10/2020 00:00 | Atualizado 26/10/2020 10:30

Mais de R$ 1 bilhão em pagamentos para a compra de armas de fogo. Esse foi o valor gasto por organizações criminosas no Estado do Rio, ligadas ao tráfico de drogas ou grupos de milícia, nos últimos quatro anos, para fortalecer seu arsenal de guerra, de acordo com um levantamento obtido pelo DIA com a Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme).

Levantamento da quantidade de armas apreendidas nas áreas de cada organização criminosa, adquirido pelo DIA com a Desarme Infográfico

Peças de fuzis compradas separadamente e desmontadas, oriundas dos Estados Unidos, China e Taiwan, são os preferidos dos criminosos, segundo a especializada. As investigações apontam que traficantes de grandes comunidades da Zona Norte do Rio são os que mais fazem transações financeiras ilegais para adquirir armamentos e burlar a fiscalização.

O cálculo para saber quanto os criminosos já gastaram com armas foi feito em cima de apreensões e estimativas de fuzis nas favelas.

"Os Complexos da Maré, do Alemão e da Penha são os que tem a maior concentração de fuzis, com cerca de 300 a 400 fuzis em cada região", disse o delegado Marcus Vinicius Amim, titular da Desarme, citando complexos da Zona Norte. 

Amim explica que a estimativa da quantidade de fuzis por comunidade é feita a partir de apreensões e dados de inteligência sobre a quantidade de pontos de venda de drogas. Além disso, também foi levado em conta o número de traficantes que exercem a função de liderança e seus seguranças, e se a área é alvo constante de ataques de facções rivais.

Segundo a especializada, a maioria desses fuzis não são originais. Traficantes estariam dando preferência em comprar fuzis desmontados, apelidados pela polícia de Frankstein, que custam, em média, 50% a menos.

"Um fuzil que seria R$ 40 mil, R$ 50 mil, acaba saindo a R$ 15 mil, R$ 20 mil. São peças compradas separadas e, depois, montadas. Não possuem a mesma qualidade de um original, mas ainda é um fuzil. Os fuzis de traficantes e milicianos também têm muita rotatividade, são apreendidos constantemente, só no ano passado tiveram 504 fuzis apreendidos", esclareceu Amim. 

 

Tráfico ainda tem mais armas
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Milicianos têm mais armas por integrantes
Se levarmos em conta áreas da cidade, o tráfico de drogas ainda é superior às áreas dominadas por milicianos em bairros da capital do Rio, segundo um mapa de grupos armados no estado em 2019, feito pelo datalab Fogo Cruzado em parceria com o Disque Denúncia, enúncia, o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI/UFF), o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e a plataforma digital Pista News.
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Entretanto, mesmo com o maior domínio territorial e armamentos, o tráfico de drogas ainda tem menos material bélico numa relação per capita, segundo o delegado titular da Desarme, Marcus Vinícius Amim.
"O tráfico ainda tem mais armas, fuzis, do que a milícia, porque há mais tráfico ainda do que milícia. Mas, per capita, a milícia tem mais armas. Se você for dividir por número de integrantes e quantidade de fuzis, você vai ver que a milícia tem mais armas para cada um. Em números absolutos o tráfico vai ter mais fuzis porque é maior, está em mais áreas", explica Amim.
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As organizações paramilitares têm sido alvo de uma força-tarefa da Polícia Civil.

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