Oito em cada dez operações policiais resultam em morte no Rio - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Oito em cada dez operações policiais resultam em morte no RioReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por O Dia
Rio - Um levantamento realizado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF) aponta que oito em cada dez operações policiais resultaram em mortes no mês de outubro na Região Metropolitana do Rio. A pesquisa utilizou dados oficiais sobre ocorrências criminais produzidos pelo Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ) e dados sobre operações policiais produzidos pelo GENI/UFF.
O estudo indicou que, no mês de setembro, a chance dessas ações policiais resultarem em mortes era de 30%. Enquanto, no mês outubro, passou a ser de 80%. Este aumento se explica, segundo o relatório, pelo aumento proporcional da participação da Polícia Civil nas operações policiais e das motivações de “mandado de busca e apreensão”.
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"Em nosso relatório, nós mostramos que as ocorrências tanto de crimes contra a vida quanto crimes contra o patrimônio aumentaram. Os crimes contra o patrimônio aumentaram pouco, apenas 9%, mas os crimes contra a vida aumentaram em 55%, 20% a mais de homicídios dolosos, com relação ao mês de setembro. Isso vai construindo um desenho de uma situação em que você tem as operações aumentando, produzindo muitas mortes e, ao mesmo tempo, não sendo eficientes para o enfrentamento e o controle do crime", relatou o sociólogo e coordenador da pesquisa, Daniel Hirata.
De acordo com o levantamento, do mês de setembro para o mês de outubro deste ano, as operações com participação da polícia militar tiveram um aumento de 120% ao passo que aquelas com presença da polícia civil se mantiveram estáveis e as operações com mandados de busca e apreensão tiveram uma redução no total de operações de 30% para 20%.
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Outro elemento destacado pela pesquisa sobre as operações no mês de outubro no Rio, é o contraste do número de operações com notificação de mortos e de prisões. Devido ao decorrência do aumento de operações, houve um aumento das operações com mortos de 500%, ao passo que o crescimento das operações com prisões foi de 50%.
"Isso [os dados do levantamento] me parece bastante grave e deve servir de exemplo para repensarmos o modelo de ação, os métodos de ação das polícias do Rio de Janeiro. As ações com inteligência, planejamento e organização, elas têm que predominar do que as ações reativas da polícia, que via de regra são reações também muito violentas e brutais contra a população negra, pobre e residente de favelas.", afirmou o sociólogo.
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O relatório aponta também que o levantamento de operações parece que está indicando um descumprimento da decisão do Supremo Tribunal Federal de restringir as operações no período de pandemia, apenas em casos absolutamente excepcionais.