Moradores e candidatos relatam ações de criminosos em currais eleitoraisAgência O Dia
Por Thuany Dossares e Bruna Fantti
Publicado 08/11/2020 06:30 | Atualizado 08/11/2020 13:14
"Estava voltando para casa do trabalho, com uma praguinha (adesivo eleitoral) na blusa, e me abordaram, mandando eu tirar. Então, não pude demonstrar apoio para o meu candidato". Esse é o relato de uma moradora da comunidade do Carvão, em Itaguaí, na Baixada Fluminense, à reportagem. Abalada, ela descreveu como traficantes criam os chamados currais eleitorais, onde quem determina o voto é o crime.

"Me sinto invadida e sem poder de escolha, como moradora e eleitora, não podendo escolher em quem votar, quem eu quero que gere mudança para a minha cidade", completou.

O apoio de organizações criminosas a candidatos é alvo de uma força-tarefa da Polícia Civil. Como O DIA revelou, cinco candidatos estão sendo investigados, em todo estado, pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco). Enquanto moradores são reprimidos, candidatos que fizeram alianças com os traficantes podem circular pela comunidade. "Já vi outros candidatos podendo atuar lá. Mas eu não posso falar nada, não posso bater de frente com eles para questionar".

Outros bairros

Ainda em Itaguaí, moradores das favelas do Engenho e Jardim Ueda relataram a abordagem de traficantes. Os criminosos proibiram campanha para os adversários políticos dos candidatos já escolhidos por eles.

"Tinha adesivado o carro com campanha para o meu candidato. Estava com meu pai no carro, pediram para a gente parar e bateram na janela. Falaram que não podia circular na região apoiando o candidato, porque quem estava mandando lá não era aquele candidato", contou o morador do Jardim Ueda. "Fiquei com medo e parei de fazer campanha", disse.

Já no Engenho, uma reunião com amigos foi interrompida pelos traficantes: eles acharam que era um encontro político.

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