Leitos em hospital - Reprodução
Leitos em hospitalReprodução
Por O Dia
Rio - A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicou preocupação por conta da 'sincronização' do vírus nas regiões metropolitanas e no interior do país. Na nota técnica 'O fim do ciclo de interiorização, a sincronização da epidemia e as difiuldades de atendimento nos hospitais', divulgada na última quarta-feira, a Fiocruz indica que "nos próximos meses, a busca por assistência especializada pode aumentar simultaneamente, nas regiões metropolitanas e no interior, provocando novo colapso no sistema de saúde".
O estudo também apontou que até novembro, 5.636 pessoas morreram no estado do Rio de Janeiro sem acesso aos leitos de UTIs (30% ao todo). Dessas, 4.774 na Região Metropolitana e outras 862 nos municípios do interior.
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Outras 49% morreram em leitos de UTI (9.270 em todo o estado, 7.588 na Região Metropolitana) e 21% não tiveram informação.
A nota técnica diz que o Rio "apresentou elevado volume de dados sem preenchimento e óbitos fora das UTIs na área metropolitana". "O interior apresenta maior número de óbitos dentro de uma UTI, muito provavelmente por conta do deslocamento temporal da curva de casos. Em outras palavras, se a doença tivesse ocorrido de forma sincronizada em todo o estado, o volume de óbitos sem atendimento em uma UTI seria consideravelmente maior".
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A paciente Dilma Miranda, 61 anos, foi uma das vítimas da Covid-19 sem acesso a um leito de UTI especializado. Ela morreu na madrugada da última terça-feira durante o processo de transferência do Hospital do Andaraí para o Hospital Ronaldo Gazolla, após esperar por 12 dias um leito de Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) para a covid-19. A idosa chegou a ficar seis dias do seu período de internação em uma cadeira mesmo com os todos os sintomas compatíveis com a doença.
Especialista alerta possível colapso na capacidade de atendimento
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Epidemiologista da Icict/Fiocruz e um dos autores da nota técnica, o especialista Diego Xavier afirma que o Brasil pode viver uma pressão total na capacidade de atendimento nos próximos meses.
"No início da epidemia no Brasil, tivemos uma demanda grande nas regiões metropolitanas, e só depois veio a interiorização, num momento em que a incidência da Covid-19 já apresentava sinais de estabilidade nas cidades maiores. Agora, a Covid-19 está fortemente presente tanto nas regiões metropolitanas quanto nas cidades do Interior. E a epidemia está sincronizada, não começa mais nas metrópoles para depois ir para o Interior. Um novo aumento dos casos pressionará a capacidade do atendimento à saúde das regiões metropolitanas, reduzindo também seus recursos para atender a pacientes vindos do Interior. Na maioria dos lugares a assistência à saúde deverá ser incapaz de atender à demanda”, alerta.