Imagino quantos compromissos foram remarcados inúmeras vezes até entendermos que ainda não é hora de planejarmos um evento. Viver se mostrou a urgência dos nossos tempos, que ganharam o status de "novos". Assim, as semanas foram passando e a gente carregando angústias à espera da boa notícia da vacina.
Foi no dia 12 de março que aconteceu a primeira morte por covid-19 no Brasil. Era verão. A estação ensolarada se foi, o outono surgiu, mas nada parecia muito demarcado no calendário. Quem mais se perguntou em algum momento do isolamento social em que dia da semana estávamos? Também vieram o inverno e a primavera, e nada de o tempo mudar em relação às nossas angústias.
Enfim, dezembro, comprovando que tudo segue muito diferente. Até a tradicional campanha dos Correios se transformou em virtual. Aliás, o abraço do Papai Noel não entrou na tradição de shoppings, festas ou projetos sociais. Para acalmar os mais novos, Maria van Kerkhove, encarregada de supervisionar a gestão da pandemia na Organização Mundial de Saúde, afirmou que o Bom Velhinho é imune ao coronavírus e poderá viajar pelo mundo para entregar presentes. Mas alertou: é preciso respeitar a distância física com ele. No fim de 2020, descobrimos que, para preservar a magia da vida, até o Papai Noel nos acena de longe.