Casos de repercussão mundial, como o assassinato de George Floyd, inspiraram as crianças - AFP
Casos de repercussão mundial, como o assassinato de George Floyd, inspiraram as criançasAFP
Por O Dia
Rio - Um grupo de estudantes do 4º ano, entre 9 e 10 anos, da escola Oga Mitá, na Tijuca, Zona Norte do Rio, teve uma nobre atitude e decidiu escrever um Manual Antirracista. Inspirado no livro da autora Djamila Ribeiro, uma das escritoras pesquisadas, o trabalho cumpre o objetivo de ensinar conceitos sobre o tema para outras crianças e até mesmo para adultos que quiserem aprender sobre as formas de combate ao preconceito racial.
Para criar o manual, as crianças aproveitaram o período da pandemia para pesquisar sobre o racismo, a história do Rio de Janeiro e para ler renomados autores negros, como Emicida, Lázaro Ramos e Conceição Evaristo. A professora Raiany Prata resume o projeto:

“No livro, eles comentam sobre o que é o racismo, a importância do reconhecimento dos privilégios da branquitude, racismo estrutural, ações afirmativas, formas de combate do preconceito racial nas mídias, contribuições dos gêneros musicais na luta contra o racismo, a importância do conhecimento de locais que contam a história do povo negro e até mesmo expõem expressões racistas do nosso vocabulário que são ditas, muitas vezes sem perceber, mas que tem todo um significado preconceituoso por trás”, comenta Raiany.
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“O debate entre eles para a produção do livro durou cerca de cinco meses. Desde a geração do conteúdo, envolvendo os textos e ilustrações, tudo foi realizado a distância, por conta do isolamento social causado pela pandemia de Covid. Ou seja, a distância não impediu que fosse realizado um trabalho coletivo em conjunto com as famílias”, revela a também professora Fernanda Inácio.
Notícias cotidianas, como o assassinato de George Floyd, homem negro morto por policiais brancos no estado de Minneapolis, nos Estados Unidos, inspiraram a produção do livro. 

“Sobre a inspiração para a produção do livro, não faltam motivos no nosso dia a dia. Desde notícias que vêm de outros países, como o assassinato de George Floyd, o homem negro morto por policiais brancos no estado de Minneapolis, nos Estados Unidos, que gerou o movimento Black lives matter (vidas negras importam), até situações bem próximas de nós como casos de prisões de negros como suspeitos em comunidades sem ao menos que se pergunte sobre o que fizeram, algo que dificilmente aconteceria com uma pessoa branca no calçadão de Copacabana, por exemplo”, comenta a professora Carina Batista.

Num dos trechos do livro, eles aconselham outras crianças:

Quando os racistas dizem:

- As pessoas negras são feias;

- Cabelo de preto é ruim;

- Os negros são inferiores;

- Não existe civilização na África;

- Não há negros importantes na história;

- Negro é bandido;

- Negro só serve para dançar.

Nós antirracistas respondemos:

- Black is beautiful;

- Cabelo afro é maravilindo;

- Não existem raças superiores;

- A África tem impérios antigos;

- A grande história dos negros têm sido invisibilizada;

- Os criminosos brancos não são punidos;

- As pessoas negras são boas em todas as artes.

O Manual Antirracista está disponível no site da Escola Oga Mitá através do link http://ogamita.com.br/joomla/15-escola/885-manual-antirracista-do-pipipa