Marcelo Freixo e Marielle FrancoDIVULGAÇÃO
Por Yuri Eiras
Publicado 08/12/2020 12:12 | Atualizado 09/12/2020 15:29
Rio - Há mil dias, os muros da cidade não deixam a população se esquecer do maior ponto de interrogação da história recente do Rio de Janeiro. 'Quem mandou matar Marielle Franco?' está em inscrições nas paredes, estampas de camisetas e nas redes sociais de artistas e ativistas do mundo inteiro. O assassinato minuciosamente planejado da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes, aconteceu na noite de 14 de março de 2018 e completa mil dias nesta terça-feira. Para familiares, amigos e admiradores, 1.000 interrogações. 
Marcelo Freixo foi professor de Marielle e colega de trabalho por dez anos até a socióloga, mestre em Administração e cria da Maré lançar-se vereadora em 2016. Em entrevista ao DIA, o deputado federal do PSOL diz não ter dúvidas de que a milícia encomendou o crime e reforça que "mil dias sem resposta é absurdo".
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"Tenho esperança na resolução do caso porque Marielle nos ensinou a viver com esperança. Foi minha grande parceria e aprendia com ela a ter esperança, porque ela não desistia. Mas a dúvida continua sobre quem está por trás disso tudo. Mil dias sem resposta é absurdo, um crime", opina o parlamentar.
O caso é um dos maiores quebra-cabeças da história do Rio, com reviravoltas, tentativas de federalização e depoimentos forjados. Até agora, o principal passo dado pela Polícia Civil foi a prisão, no ano passado, do sargento reformado da PM Ronnie Lessa e de seu cumpadre, o ex-PM Élcio Queiroz, acusados de estarem no carro que atirou contra o veículo da vereadora, poucos metros depois da estação de metrô do Estácio de Sá. Freixo afirma que acompanha o caso de perto.
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"Eu acompanho a investigação muito de perto, sou uma das pessoas que acompanha desde o início. Eu sei que é um caso complexo, um dos mais bem planejados da historia. A gente consegue entender a dificuldade. Ela não recebia nenhuma ameaça, nem ela mesma imaginava que isso aconteceria", afirma Freixo.
"A gente sabe que eles têm uma linha, e não temos dúvidas do envolvimento da milícia. Cabe a nós, amigos, familiares e ao partido, fazermos pressão. Mas a gente dialoga, ajuda. Ontem mesmo fui na Delegacia de Homicídios da Barra conversar com o delegado. Sei dos passos da investigação, mas é muito tempo sem respostas. Tenho dito que esse homicídio é o atestado de óbito do Rio de Janeiro".
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Legado permanece em outras legislaturas
As chamadas 'sementes' de Marielle têm florescido a cada eleição, com mais legislaturas de mulheres jovens, negras e de origem em comunidades do Rio. Para Freixo, este é a principal herança da vereadora. "É onde o legado é mais visível, o do carinho por ela. As pessoas que têm a placa da Marielle em casa, que acreditam que ali tem um caminho. Aquele sorriso da Marielle é eterno, ela agregava. Não à toa, tanta gente foi na Cinelândia no dia seguinte à morte, no velório".
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Ato marca os 1.000 dias sem resposta
A Anistia Internacional e o Instituto Marielle Franco organizaram um ato na Cinelândia nesta terça-feira, em frente à Câmara de Vereadores, onde Marielle legislava, para lembrar a data. Organizadores esticaram no chão da Cinelândia uma faixa com a frase '1000 dias sem respostas'. A hashtag #1000DiasSemResposta, ao longo do dia, está sendo usada por artistas, ativistas e influenciadores digitais nas redes sociais. Nesta terça-feira, quando o Dia da Justiça é celebrado, 550 relógios tiveram os alarmes disparados simultaneamente às 8h, bem em frente à Câmara dos Vereadores, para cobrar celeridade no caso. O protesto foi batizado de 'Despertador da Justiça'.
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