Rio - Um novo espaço cultural chegará à cidade do Rio de Janeiro em 2021. O Memorial às Vítimas do Holocausto, no Morro do Pasmado, em Botafogo, que além de um monumento contará também com um museu, vai apresentar aos visitantes relatos e imagens de vítimas e sobreviventes de um dos maiores genocídios da história, o Holocausto. Com inauguração prevista para setembro do ano que vem, o espaço, que teve suas obras concluídas neste mês, vai proporcionar uma reflexão sobre a importância dos direitos humanos, da democracia, da justiça, da tolerância, da liberdade, do respeito à diversidade e ao pluralismo como valores e princípios éticos fundamentais do ser humano. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, participou neste domingo (13), às 9h30, da inauguração do Memorial do Holocausto."A ideia desse Memorial é transmitir valores éticos e educar as novas gerações através da preservação da memória. Lembrar sempre, para que não seja esquecido nem repetido, o crime do Holocausto Nazista", afirma Alberto Klein, presidente da Associação Cultural Memorial do Holocausto.Com recorte sensível a todos os povos perseguidos, a exposição também vai evidenciar que, além dos judeus, outras minorias como negros, ciganos, pessoas com deficiência física e/ou mental, homossexuais (termo utilizado na época para se referir a pessoas LGBTQIA+), testemunhas de Jeová, maçons e opositores do regime nazista também foram vítimas. Dados históricos revelam que das 11 milhões de vítimas, seis milhões eram de pessoas judias, população que sofreu uma perseguição mais estruturada, e cinco milhões, de outras minorias. Para abarcar o tema em sua complexidade, a equipe de curadoria do Memorial, composta por Alfredo Tolmasquim, Carlos Reiss e Sofia Débora Levy, contou com a consultoria de especialistas no recorte das populações atingidas.“O Memorial do Holocausto do Rio de Janeiro é um espaço de homenagem às vítimas do Holocausto, mas também um local de educação e de reflexão sobre discriminações e perseguições contra vários povos e grupos sociais, que continuam ocorrendo no Brasil e no mundo. A compreensão dos fatores e dos processos que levaram ao Holocausto é uma lição que deve ficar para a história”, diz Alfredo Tolmasquim.Além da exposição de longa duração, o Memorial do Holocausto terá espaços para mostras temporárias, loja de souvenir, café e espaço multiuso para atividades educativas e culturais, além de um projeto de acessibilidade inovador, não apenas física, mas de interação com o conteúdo e com atividades para todos os públicos, tornando-se uma referência em inclusão e acessibilidade.Áreas e conteúdos Com a finalização das obras concluídas, o Memorial do Holocausto entrará em fase de implementação do conteúdo. O contato com a exposição tem início antes mesmo de o visitante entrar no museu. Na rampa de entrada ao local, na parede lateral do espaço, nomes de comunidades de vários países vão se rareando à medida em que a entrada principal se aproxima, em uma metáfora visual que remete às comunidades que foram dizimados durante o período do Holocausto. Já no interior da edificação, é no espaço “Celebração da Vida” que o público tem contato com o conteúdo museológico, no qual letras formam citações e retratos de sobreviventes sobre o valor da vida. Palavras e imagens fluem - desde a coluna central, que é a base do obelisco, elemento escultórico ícone da arquitetura da edificação -, até o final das paredes curvas.Em seguida, inicia-se o percurso da exposição de longa duração, dividida em três grandes áreas. O primeiro módulo, “A vida antes do Holocausto”, trará os diferentes modos de vida na Alemanha, Polônia, Rússia e outros países, com fotos e vídeos da vida plena dos judeus e demais minorias perseguidas de várias classes sociais – ida às festas, escolas, casamentos, a diversidade dos idiomas e alfabetos, entre outros. À medida que o visitante caminha, ele terá contato com diferentes sons, que vão se transformando e ficam mais intensos, marcando o início da perseguição.Ao entrar na área “A vida durante o Holocausto” será possível ter contato com o processo que levou ao Holocausto, bem como os dilemas éticos enfrentados pelas vítimas em um mundo de caos e perseguição, desde as primeiras ações de discriminação até a deportação e o extermínio. Ali os visitantes terão a real percepção da luta das pessoas pela sobrevivência, a luta pela vida. Seguindo o percurso da mostra, a próxima área é “A vida depois do Holocausto”, na qual a liberação, a imigração e a reconstrução serão o foco principal. Além de fatos interessantes e histórias de pessoas conectadas ao Brasil, sobreviventes que para cá vieram, um mapa interativo vai mostrar os fluxos migratórios, .Com foco nos direitos humanos, uma instalação artística na varanda do museu promete encerrar a exposição principal do Memorial do Holocausto transportando o visitante para a realidade atual da sociedade. Um painel coletivo, construído por muitas pessoas, trará os diversos povos/minorias, fazendo um paralelo com os dias de hoje. O caminho de saída da exposição - a “Alameda dos Princípios” - será marcado por 18 valores éticos, estimulando o visitante a compreender a lição do conteúdo apresentado. O número 18, em hebraico, tem o simbolismo da vida, pois é o número que corresponde à palavra CHAI, convocando para a reflexão “O que você está levando daqui?”, apresentando valores como liberdade, equidade, tolerância, respeito, acolhimento, empatia, entre outros.Idealização, patrocinadores e curadoriaIdealizado pelo ex-deputado Gerson Bergher, o Memorial do Holocausto é uma realização da Associação Cultural Memorial do Holocausto, com apoio institucional da Prefeitura do Rio, tendo a Multiplan como patrocinador master. O projeto conta ainda com o Banco Daycoval, Banco Safra e RJZ Cyrela como patrocinadores, Consulado da Alemanha como parceiro e XP Investimentos como doador, além de vários outros apoiadores.“Estamos muito honrados em poder fazer parte dessa iniciativa, pessoalmente e com a Multiplan. Com o apoio que demos para o desenvolvimento do projeto, estamos vislumbrando o futuro, criando um legado histórico e fortalecendo o turismo no Rio de Janeiro”, afirma José Isaac Peres, presidente da Multiplan.O Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), organização social de cultura sem fins lucrativos, é responsável pela implantação, concepção curatorial da exposição, consultoria para a futura gestão e captação de recursos por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal e Lei Municipal de Incentivo à Cultura. O parceiro do IDG na criação e desenvolvimento da museografia é a SuperUber.