Publicado 14/12/2020 10:36 | Atualizado 14/12/2020 13:59
Rio - O Sindicato dos Médicos do Estado (SinMed-RJ) divulgou uma carta aberta destinada aos governos municipal, estadual e federal, neste domingo. No documento, os profissionais pedem melhores condições de trabalho e medidas efetivas para a contenção da pandemia da covid-19.
No texto, assinado pelos médicos em assembleia, o sindicato denuncia a falta de equipamentos e insumos básicos em unidades de saúde. "Nossas condições de trabalho são cada vez mais precárias. Para começar, não nos é oferecida segurança. Trabalhamos muitas vezes com falta ou inadequação de EPIs, o que agravou muito a situação de contaminação entre os profissionais de saúde. É comum que as unidades públicas e privadas não contem com o mínimo necessário. Faltam desde gaze, seringas e papel higiênico, até medicamentos necessários para sedação dos pacientes."
O documento lembra também o aumento no número de casos de covid-19 no estado e a fila de espera por leitos de UTI. "As condições de trabalho, infelizmente, não são nosso único problema. A pandemia avança a passos largos. Estamos num segundo pico que não para de subir. O volume de atendimentos chegou a níveis insuportáveis, em todo o Estado do Rio de Janeiro. Normalizou-se a situação diária de mais de 500 pessoas aguardando leitos de UTI ou enfermaria. A fila de espera triplicou em 17 dias. Apesar disso, nenhuma esfera governamental toma qualquer medida para conter o avanço da pandemia", diz um trecho.
Para Alexandre Telles, presidente do SindMed-RJ, há uma grande omissão do poder público. "Os trabalhadores da saúde estão exaustos e há um plano de vacinação atende um 1/4 da população, sem previsão de início. Não há negociação de compra de vacina, não há apoio às pesquisas da Fiocruz, não aumentou o quadro de recurso humanos", avalia.
"A gente tem em média de 500 pessoas esperando vaga de UTI no Rio de Janeiro, a gente não pode achar que isso é normal, isso é gravíssimo", completa Alexandre. O documento do sindicato destaca também a flexibilização do isolamento social com casas de show, bares e comércios lotados. "A cada dia que passa, a gente vê cada menos as pessoas usando máscara", ressalta Telles.
A carta aberta do SindMed também defende a prorrogação do auxílio emergencial para manter o isolamento social da população. Confira outras exigências:
- Saúde como a principal prioridade de todas as esferas de governo e que o orçamento atenda, em primeiro lugar, este setor.
- Fim de atrasos salariais e insegurança jurídica, com melhores condições de trabalho, com locais equipados, EPIs, insumos e medicamentos.
- Fechamento efetivo das cidades, com recursos para prover a sobrevivência dos cidadãos e alojamentos adequados para as pessoas em situação de ruas.
- Fila única, com leitos públicos e privados para atender toda a população por critérios de necessidade clínica, e não por submissão a contratos econômicos.
- Vacina para todos. Iniciar a vacinação imediatamente, mobilizando os imunobiológicos já disponíveis no mercado mundial, utilizando as reservas cambiais do Brasil, e provendo recursos para todas as instituições que produzem vacinas no país, sem discriminações de motivação política.
- Garantir insalubridade em grau máximo para todos os trabalhadores formais que atuam em atendimento ao público na epidemia da covid-19.
- Ampliar benefícios para os trabalhadores informais.
- Prorrogar a renda emergencial básica até o final da pandemia, com contribuição dos governos municipais, estaduais e federal.
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