Moradores ateiam fogo em ônibus em protesto de meninos desaparecidos na Baixada - Agência O Dia
Moradores ateiam fogo em ônibus em protesto de meninos desaparecidos na BaixadaAgência O Dia
Por LUANA BENEDITO
Rio - Moradores da comunidade do Castelar, em Belford Roxo, atearam fogo em um ônibus e fizeram barricadas com sacos de lixo em frente à Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Eles cobravam por respostas e Justiça no caso dos três meninos desaparecidos, Lucas Matheus, Alexandre da Silva e Fernando Henrique, que têm entre 8 e 11 anos.
O comércio local fechou as portas. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar atuaram no local. O Batalhão de Choque da corporação chegou apoiar o batalhão local. Após meia hora o fogo foi controlado pelas equipes e o trânsito da Avenida Retiro da Imprensa, no bairro Areia Branca, foi liberado. 
Publicidade
Familiares das crianças desaparecidas chegaram por volta das 20h, desta segunda feira, na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) após um homem ser entregue na especializada apontado por moradores como o responsável pelo sumiço dos meninos. A Polícia Civil nega o envolvimento dele e classificou como "notícia falsa".
O protesto aconteceu após os moradores e familiares receberem a notícia de que o homem, apontado por eles como responsável pelo sumiço das crianças, seria liberado da especializada. 

O homem, morador do mesmo condomínio da família dos meninos, foi agredido e torturado por criminosos da comunidade do Castelar. Na delegacia, ele negou que tenha cometido algum crime.
Publicidade
De acordo com a DHBF, foi instaurado na especializada um inquérito policial para apurar a tortura realizada por traficantes da comunidade Castelar. 
OAB e Defensoria atuam no caso de desaparecimento
Publicidade
Representantes da Defensoria Pública e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estiveram na delegacia nesta terça-feira. "A família tem o direito de saber a verdade, tem o direito de saber o paradeiro e todas essas circunstâncias desse crime", disse o defensor Fábio Amado do Núcleo de Direitos Humanos. 

"Nós tivemos uma reunião com o delegado responsável com a promotora de Justiça e com os membros da OAB. Nós viemos buscar informações e também transmitir esses dados para a família e também acompanhar de perto quais são os próximos passos, saber quais são as medidas que estão sendo adotadas", completou o representante da Defensoria Pública. 
"Nós queremos a verdade dos fatos, se foi ou se não foi. Neste momento, ainda não há nada concreto", apontou Marlúcia Lima, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Belford Roxo.
Publicidade
Desespero e confusão em frente à DHBF
Em frente à especializada, os parentes aguardavam por respostas sobre o sumiço dos três meninos. Anderson Caetano, tio de Fernando, pedia que a Justiça seja feita. "A gente quer pelo menos o corpo para gente poder fazer um enterro dessas crianças", lamentou.
Publicidade
A companheira do homem, que foi entregue na especializada pelos moradores, foi hostilizada pelos parentes dos meninos quando chegou ao local. O DIA apurou que a mulher ficou medo de ver sua foto circulando nas redes sociais como "foragida" e se apresentou à unidade. Ela, porém, não era investigada e nem suspeita por crime algum. 

A avó de Fernando desmaiou e após ser acordada pelos familiares caiu no choro. "Eu quero meu neto de volta", dizia aos prantos, enquanto era amparada por uma das filhas. 
Fetranspor repudia incêndio em ônibus
Publicidade
Em nota, a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) repudiou a ação. Confira a nota na íntegra:
"A Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) repudia um novo ataque a ônibus em Belford Roxo. É o terceiro caso em dois dias no município da Baixada Fluminense. Todos por motivos alheios à operação rodoviária.
Publicidade
Na segunda-feira (11/01), dois veículos da Transportes Flores foram incendiados de maneira criminosa. Hoje (12/01), foi a vez de um ônibus da Auto Viação Vera Cruz ser queimado em um protesto em frente à Delegacia de Homicídios. Instantes antes, um outro ônibus da Auto Viação Vera Cruz foi atacado naquele mesmo ponto. O motorista conseguiu manobrar e evitar o local. Ainda assim, o veículo foi apedrejado. Nos casos de 11/01, dois passageiros precisaram de socorro e foram encaminhados ao hospital. No caso de hoje, nenhum passageiro se feriu.
Com isso, sobe para 220 o número de ônibus incendiados no Estado do Rio desde 2016. Destes 220, mais de 40% eram climatizados. O custo de reposição ultrapassa R$ 94 milhões, recursos que poderiam estar sendo investidos na melhoria do transporte público com a renovação da frota.
Publicidade
A população é a mais prejudicada com a redução da oferta de transportes. Um ônibus incendiado deixa de transportar cerca de 70 mil passageiros em seis meses, tempo necessário para a reposição de um veículo no sistema. É importante lembrar, no entanto, que a inexistência de seguro para este tipo de sinistro e a crise econômica do setor, que tem feito as empresas perderem a capacidade de investimento em renovação da frota, tornaram completamente inviável a reposição de ônibus incendiados".