Vacinação no Rio começou no dia 18 de janeiro, em cerimônia no Cristo Redentor - Luciano Belford/Agencia O Dia
Vacinação no Rio começou no dia 18 de janeiro, em cerimônia no Cristo RedentorLuciano Belford/Agencia O Dia
Por Aline Cavalcante
Rio - O Rio de Janeiro vacinou as duas primeiras pessoas contra a covid-19, na tarde desta segunda-feira, aos pés do Cristo Redentor. Terezinha da Conceição, 80, e Dulcinéia da Silva Lopes, 59 anos, técnica de enfermagem, foram as imunizadas. O estado terá uma tiragem inicial de 480 mil vacinas. Cerca de 240 mil pessoas serão imunizadas. 
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O evento aconteceu com atraso, devido a problemas na logística de transporte. Apenas dez caixas chegaram na cidade, em avião fretado por um senador do Espírito Santo. O governador do Rio garantiu que até as 12h desta terça-feira todos os municípios tenham a vacina. A previsão é de que todas as caixas cheguem no Rio até as 24h
"Somos um dos estados que comprou a vacina com os preços mais baixos. Estamos aprendendo com nossos erros. É o primeiro dia, houve imprevistos, é uma logística complicada. Não considero que houve atraso. É dia de comemorar, acredito que fomos bem. É claro que é uma vacina jovem, mas queria pedir que a população confiasse na vacina. Não importa se a vacina veio da China, dos Estados Unidos, o que importa é se a Anvisa aprovou temos que confiar na ciência. É a esperança de novos tempos de quase dez meses difíceis que tirou a vida de quase 27 mil fluminenses", disse o governador do Rio, Claudio Castro.
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Além disso, Castro afirmou que o local escolhido para começar a vacinação "representa a paz". "O Cristo Redentor representa a paz, o amor, a vida. É muito significativo começar a vacinação aqui. Hoje estive em São Paulo e me reuni com o Ministro Pazuello e outros governadores e ficou decidido este horário oficial de abertura. Isso faz parte do plano onde cada brasileiro importa. Isso foi importante para esta unidade federativa.
"É um grande avanço, coloca o Rio de Janeiro na rota daqueles que realmente querem salvar vidas. Já estamos esperando as vacinas produzidas no país e não tenho dúvida que nos próximos dias teremos mais notícias boas e em fevereiro já com a produção autenticamente brasileira a todo vapor até que consigamos imunizar a todos", finalizou Castro.
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O prefeito Eduardo Paes voltou a falar sobre os cuidados como o uso de máscara e aglomerações. "A pandemia não acabou. Temos que continuar tomando cuidado, com as restrições, usando máscara e evitando aglomerar".
"Esta primeira fase é ainda tímida em relação ao que vamos e precisamos fazer. Agradeço ao governador Cláudio Castro porque se não fosse o apoio do governo do Estado nós não teríamos por exemplo a quantidade de seringa necessária para aplicar a vacina. Agradeço ao governador de São Paulo, João Doria, que comandou esse processo junto ao Butantan e permitiu que em um prazo mais curto a gente pudesse ter esta alternativa. Em breve teremos a AstraZeneca Fiocruz, uma produção própria de uma instituição que tanto orgulha os cariocas. Vai ser mais uma vacina aqui, isso é o que importa. Que os governos trabalhem juntos, sem vaidade política trazendo solução para os problemas da população", concluiu.
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Terezinha foi acolhida em 2015, estava em situação de vulnerabilidade e risco social, pois sua casa foi demolida pela Defesa Civil, devido às condições físicas. A residência, no Bairro Santo Cristo, não tinha saneamento básico e estava próxima à ribanceira. A idosa é beneficiaria do Beneficio de Prestação Continuada - BPC. Não possui filhos e nunca foi casada. A idosa faz parte do projeto do município do Rio de Janeiro chamado de "Agente Experiente".
Dulcinéia é técnica de enfermagem do no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla. Atua há oito meses na linha de frente do enfrentamento da pandemia. Moradora da Pavuna, trabalhou por 8 anos como agente comunitária de saúde.
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Vacinadora
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Adélia Maria dos Santos, de 71 anos, é servidora da Secretaria Municipal de Saúde desde 1979. Foi uma das fundadoras do Programa de Imunização da Cidade do Rio. Também atuou na Sala de Imunização da unidade básica de saúde que atualmente é o Centro Municipal de Saúde (CMS) Cecília Donnangelo. Era a única enfermeira da unidade e trabalhou nas primeiras campanhas de vacinação contra o sarampo e poliomielite. Também foi chefe de enfermagem no CMS Augusto Amaral Peixoto, onde seguiu atuando na sala de vacinação. 
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Trabalha na área de epidemiologia e imunização na gestão da SMS desde 1990. Com especialização em Saúde Pública pela Fiocruz, Adélia também teve passagens pelo Instituto Nacional do Câncer e o Hospital Federal de Bonsucesso. Diabética e hipertensa, Adélia precisou trabalhar em home office durante a pandemia.
"Em tantos anos de profissão este foi o momento mais marcante da minha carreira. Foi emocionante. Se pudesse mandar um recado eu diria para as pessoas não terem medo e se vacinarem porque vacinas salvam vidas".
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Transporte das vacinas
A aeronave comercial responsável por trazer parte do primeiro lote de vacinas contra a covid-19 de São Paulo para o Rio de Janeiro pertence ao ex-senador Luiz Pastore (MDB-ES). Ele é sócio da Pastore Financial LLP, uma holding com sede nos Estados Unidos, que figura como proprietária do jato nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
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Luiz Pastore é empresário do setor de importação e é filiado ao MDB de Vila Velha, no Espírito Santo, desde 1986. Ele foi suplente do ex-senador Gerson Camata e chegou a assumir mandato no Senado entre 2002 e 2003. No ano passado, com a licença médica da senadora Rose de Freitas (Podemos-ES), também assumiu o mandato em seu lugar.