Publicado 26/01/2021 20:29 | Atualizado 26/01/2021 21:55
Rio - Os membros do Comitê Especial de Enfrentamento da Covid-19 (CEEC), que assessora a Prefeitura do Rio, foram unânimes, na reunião desta segunda-feira, quanto à necessidade do retorno às aulas o mais rápido possível. Além dos problemas educacionais, os especialistas apontaram danos cognitivos - como depressão e dificuldade de aprendizado e de relacionamento - e o risco de evasão escolar devido a, entre outros fatores, o recrutamento de crianças e adolescentes por quadrilhas ligadas ao tráfico de drogas em determinadas regiões da cidade. A reunião foi a primeira do comitê nesta gestão, e discutiu, ainda, a necessidade de ajustes no enfrentamento à pandemia e o protocolo para o retorno às aulas: uma das sugestões é inclusão de espaços para isolamento nas unidades assim que algum caso de covid-19 for identificado.
"O Brasil foi o país que ficou mais tempo sem ter aulas no mundo. São mais de 200 dias sem atividades nas escolas. Nem nos nossos vizinhos da América Latina isso foi verificado", diz o infectologista Alberto Chebabo, representante da UFRJ no comitê e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Chebabo e os demais especialistas receberam um documento, entregue pelo secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, sobre o protocolo de segurança sanitária para a volta às aulas. Dentre as medidas, há a aquisição de kits para a detecção precoce da covid-19 nos alunos e profissionais, e determinação de espaços para o isolamento social nas escolas caso algum caso seja detectado, além de medição de temperatura, uso de álcool 70% e distanciamento de um metro e meio nas salas de aula. Há, ainda, a possibilidade de suspensão de turmas caso seja detectado mais de um caso de covid-19 na mesma classe.
"Fizemos a recomendação de que haja uma sinergia muito eficaz entre as secretarias de Educação e de Saúde para que, assim que algum caso seja identificado na escola, esse aluno ou profissional seja imediatamente destinado para tratamento na rede de saúde", diz Chebabo, acrescentando que os membros do comitê irão analisar o documento detalhadamente para fazer críticas e sugestões à prefeitura no prazo de uma semana.
Outro problema verificado nas escolas são as limitações de infraestrutura para o cumprimento das medidas sanitárias:
"Há casos já mapeados de salas de aula que não têm janelas, por exemplo. Outras que funcionam em edificações tombadas pelo patrimônio histórico, nas quais não se pode fazer obras. Obviamente, as unidades com esses tipos de problemas terão que aguardar mais para o retorno. Ao mesmo tempo, há a possibilidade de que sejam definidos espaços alternativos para que os alunos matriculados nessas escolas possam estudar".
TRANSPORTE PÚBLICO
Segundo o infectologista, as aglomerações no transporte público foram apontadas como um problema grave que precisa ser fiscalizado de forma mais efetiva pelo poder público.
"Não apenas devido ao risco de contaminação - pois sabemos que os trens, metrô, BRT e ônibus tem sido foco grande de contaminação - mas também por um aspecto pedagógico: se as pessoas estão sendo obrigadas a se aglomerar no transporte público, por que não vão se aglomerar nas praias e bares? Se este problema for resolvido, as pessoas vão aceitar as demais medidas de isolamento com maior facilidade", diz Chebabo.
Segundo o infectologista, um dado positivo apresentado pela prefeitura se refere à fila de espera por internação: na manhã de ontem, não havia nenhum paciente à espera por leito de covid-19 no Rio.
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