"Precisamos de uma integração. Arrumar de alguma maneira uma união entre a gente, para que possamos mudar isso e dar mais força para a nossa luta. As vezes nós temos mais pessoas desaparecidas do que homicídio doloso. Criamos um órgão que pudesse tratar de desaparecidos e transformamos a coordenadoria em uma superintendência para dar mais gás, porém, ainda estamos distantes. Queremos evitar que familiares sofram com o desaparecimento de alguém", disse o secretário.
Jovita Belfort, mãe do lutador Vitor Belfort e Priscila Belfort, também esteve presente no local. Ela virou superintendente estadual de Prevenção e Enfrentamento das Pessoas Desaparecidas depois do desaparecimento da filha, no dia 8 de janeiro de 2004, após sair do trabalho para almoçar no Centro do Rio. Priscila está desaparecida há 17 anos.
Para representar a ministra Damares, o secretário nacional adjunto dos Direitos Humanos, Eduardo de Melo, disse que se coloca disposição para tentar elucidar o caso.
"Já existem algumas linhas de ações. A gente vai ver algum projeto do governo federal que pode estar adequado e que possa ajudar e dar mais caminhos e condições para encontrar os meninos. É uma tarefa que não é fácil, mas estamos com um olhar e uma atenção muito detalhada e especial nesse caso", afirmou Eduardo.
O coordenador-geral de Desaparecidos, Patrick Bestetti Mallmann, que também esteve na reunião desta tarde, falou sobre a criação de um aplicativo para facilitar a comunicação e a integração das ações de pessoas que tenham sumido.
"O aplicativo de fato está pronto. Ele vai permitir que os agentes de segurança pública e outros funcionários do estado possam ter acesso as informações com a maior rapidez possível. Ele vai conter um alerta georeferenciado para que todos saibam, num determinado raio de distância, que determinada pessoa sumiu."
Bestetti disse que o app ainda não foi disponibilizado para a sociedade pois passa por um projeto piloto pelo menos até março. Haverá novidades substanciais nos próximos dias. "Nosso objetivo é fazer com que menos gente passe por esse sofrimento. E quando acontecer, que possa ser resolvido com maior elucidade", concluiu.
Sobre o fato do DNA do vizinho das crianças ter dado negativo, dona Silvia disse que isso trouxe mais esperança para a família. Os parentes alegavam que o homem seria o mandante do crime, porém, após uma perícia, foi comprovado que o sangue encontrado não pertencia a nenhuma das crianças desaparecidas.
"Deu negativo e não desanimamos. Agora temos certeza de que o sangue que acharam não é dos meus netos, nem do Fernando Henrique. Isso é sinal de que eles continuam vivos. Nunca pensei em passar por essa situação. Nós vemos acontecendo com os outros e hoje é comigo. É muito ruim. Triste demais. Quando chega a noite é pior ainda", afirmou.