Raynner Souza Figueiredo
Raynner Souza FigueiredoArquivo Pessoal
Por Natasha Amaral
Rio - Familiares de Raynner Souza Figueiredo, de 7 anos, contaram ao DIA que o corpo da criança foi retirado do túmulo sem autorização no Cemitério Municipal São Miguel, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Segundo relatos, o corpo do menino – que nasceu com anemia falciforme e faleceu aos sete anos, em 2018 – seria exumado em abril deste ano. No entanto, quando a família se preparava para realizar o procedimento, descobriu que o corpo havia sido retirado do local em 2020. A história foi divulgada pelo "O São Gonçalo" e confirmada pelo O DIA.
"No final de fevereiro a gente começou a agilizar para fazer a remoção dele. Estávamos nos preparando para passar por esse momento doloroso. Quando minha mãe e o pai dele foram ver isso, falaram que já tinha outra criança enterrada no lugar. Quando questionados, disseram que teve um erro de comunicação com a família. Só que eles nunca entraram em contato com a gente, nunca recebemos telefonema", contou Jéssica Karen Alves Souza, de 32 anos, mãe de Raynner.
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De acordo com a autônoma, o corpo teria sido retirado sem autorização para liberar espaço durante a pandemia. "Eles sabiam que íamos com frequência, a única sepultura que tem cuidada é a do meu filho, pintada de laranja que era a cor preferida dele. A gente sempre zelou pelo local, nunca deixamos abandonado.Eu creio que fizeram isso para liberar (o lugar) durante a pandemia. Já tinha outra criança enterrada".
"Se fosse descaso da nossa parte, da família do meu filho, em relação à sepultura dele, não estaria pintado, não estaria com a placa. A outra família que enterrou outra criança na sepultura do meu filho não colocou identificação e nem vão visitá-lo. Porque se sou eu que vou visitar o túmulo do meu filho e vejo a placa de outra criança, pode ter certeza que eu iria atrás para saber o que está acontecendo", completou Jéssica.
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A mãe da criança ainda contou que, apesar da administração do local alegar abandono, o prazo para a exumação terminaria dia 4 de abril. "Eles falaram que todos os corpos que saem quando a família não vai atrás estão devidamente identificados, sendo que desde o ano passado não me falaram nada. Nós temos o documento da própria prefeitura informando que prazo para exumação seria até o dia 4 de abril para fazer a retirada".
Período para exumação terminaria em abril de 2020 - Arquivo Pessoal
Período para exumação terminaria em abril de 2020Arquivo Pessoal
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"O meu desespero é que, além de não devolverem, virem com qualquer coisa para tapear e nos silenciar. Estão todos errados, primeiro em não ligar pra gente e não falar, segundo, porque eles sabiam da nossa frequência de visita. Aí a gente descobre no dia que a gente vai tirar ele pra colocar em outro lugar. A gente não come, não dorme direito. Eu estou muito arrasada com essa história", desabafou.
Procurada, a Prefeitura de São Gonçalo informou que a exumação foi realizada pela gestão anterior, em 2020, e que a possível falha de comunicação com a família da criança sobre o procedimento aconteceu na gestão passada. Confira a nota na íntegra:
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"A Prefeitura de São Gonçalo, por meio da Administração Funerária, informa que o prazo para exumação de corpos de crianças é de dois anos após o sepultamento, e para adultos é de três anos, e que tal prazo consta nas certidões de óbito. Após a exumação, os restos mortais são depositados no ossário municipal, devidamente identificados.
No caso de Raynner Souza Figueiredo, de 7 anos, que faleceu em 2018, a exumação foi realizada pela gestão anterior, em 2020. A Administração Funerária informa ainda que a possível falha de comunicação com a família da criança sobre o procedimento aconteceu na gestão passada. O município está em contato com a família e segue trabalhando para tentar localizar os restos mortais do menino".