Publicado 12/03/2021 20:21
Rio - O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 3ª Promotoria de Investigação Especializada, denunciou Rogério de Andrade e mais cinco pessoas pelo assassinato de Fernando de Miranda Iggnácio, em 10 de novembro de 2020, no estacionamento de um heliporto no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. A vítima e o denunciado Rogério de Andrade, são, respectivamente, genro e sobrinho do falecido contraventor Castor de Andrade, que foi chefe do jogo do bicho no Estado.
De acordo com a denúncia, o crime foi cometido por Rodrigo Silva das Neves, Ygor Rodrigues Santos da Cruz, vulgo Farofa, Pedro Emanuel D'Onofre Andrade Silva Cordeiro, vulgo Pedrinho, e Otto Samuel D'Onofre Andrade Silva Cordeiro, seguindo ordens de Marcio Araujo de Souza e Rogério Costa de Andrade e Silva, vulgo Patrão.
A denúncia descreve que, por volta das 9h, os quatro primeiros denunciados chegaram de automóvel ao local do crime, tendo três deles invadido o terreno baldio que faz divisa com o heliporto, usando pelo menos dois fuzis. Após aguardarem por cerca de quatro horas, Fernando Iggnácio desembarcou em seu helicóptero, retornando de Angra dos Reis. Os denunciados, então, posicionaram suas armas em cima do muro, a uma distância de, aproximadamente, quatro metros do local onde estava estacionado o automóvel dele. A vítima foi atingida com três disparos, um deles na região da cabeça.
Ainda de acordo com a denúncia, Marcio Araujo de Souza, um dos responsáveis pela segurança pessoal de Rogério de Andrade, foi o responsável por contratar, a mando de Rogério, os demais denunciados para executarem o crime. A investigação identificou que Rodrigo das Neves e Ygor da Cruz já trabalharam como seguranças da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, cujo patrono é Rogério de Andrade.
Morte do contraventor
O contraventor voltava de uma viagem à Angra dos Reis, na Costa Verde, de helicóptero, e, ao desembarcar, foi atingido por vários tiros na cabeça quando caminhava em direção ao carro, ao lado da empresa Heli-Rio, no dia 10 de novembro do ano passado.
Antes de ser morto, Fernando Iggnácio seguiu à risca um hábito adotado sempre que viajava de helicóptero com a esposa Carmem Lúcia de Andrade Iggnácio, filha de Castor de Andrade, morto em 1997. Ele desembarcou sozinho, foi conduzido em um veículo elétrico até o estacionamento e deu os últimos passos até o seu carro após percorrer cerca de 100m, onde foi baleado.
Fernando Iggnácio morreu em meio a briga por herança
Fernando Ignácio travou uma luta durante décadas pela herança de Castor de Andrade, lendário bicheiro morto em 1997. Desde a morte de Castor, o filho Paulo Roberto, o sobrinho Rogério de Andrade e o genro travaram uma sangrenta batalha pelo espólio da contravenção, principalmente o das máquinas de caça-níquel.
O filho de Castor, Paulo Roberto, foi assassinado em 1998, e Rogério de Andrade sofreu diversos atentados nas últimas duas décadas. O mais grave deles foi em 2010, quando uma bomba estourou em seu veículo. O objetivo ela matá-lo, mas era o filho de Rogério, de apenas 17 anos, quem dirigia o carro.
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