Vereador foi preso nesta quinta-feira junto com a mãe do menino Henry Borel
Vereador foi preso nesta quinta-feira junto com a mãe do menino Henry BorelReginaldo Pimenta
Por Thuany Dossares
Rio - A Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) irá investigar possíveis agressões do vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), contra o filho de sua ex-namorada, Debora de Mello Saraiva, que na época estava com apenas três anos. O inquérito foi instaurado a partir do depoimento de Débora, na 16ª DP (Barra da Tijuca), onde ela narrou aos policiais que seu filho foi brutalmente agredido por Jairinho, em pelo menos duas ocasiões, enquanto eles eram um casal. Em uma delas, o vereador teria colocado um saco plástico na cabeça do menino.
O vereador está preso, suspeito de ser o responsável pela morte de seu enteando, Henry Borel Medeiros, de quatro anos, no dia 8 de março, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. 
Henry Borel, de 4 anos, morreu com diversas lesões pelo corpo - REPRODUÇÃO
Henry Borel, de 4 anos, morreu com diversas lesões pelo corpoREPRODUÇÃO
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As declarações de Débora foram dadas à polícia no último dia 16, e demonstraram um perfil extremamente violento de Jairinho. Segundo ela, as agressões contra o seu filho começaram em 2015 e contra ela em 2016.
A mulher contou que no dia 13 de abril seu filho lhe contou, pela primeira vez, sobre o que passou com Jairinho. Agora com 8 anos, a criança disse a mãe que quando tinha apenas três anos, o vereador o abordou quando ele foi beber água de madrugada com a sua irmã e, dali em diante, começaram as agressões e a tortura psicológica.
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"Que, segundo narrado por seu filho, em 2015, ele e a irmã acordaram para beber água, sendo que JAIRINHO estava acordado e a declarante estava dormindo; Que JAIRINHO mandou a menina pegar água e ir deitar, pois ele cuidaria do menino; Que, segundo o relato de seu filho, JAIRINHO colocou um papel e um pano na boca da criança e disse que ele não poderia engolir; Que JAIRINHO deitou ele no sofá da sala, ficou em pé no sofá e apoiou todo o peso do corpo no menino com pé", disse em depoimento.
Débora ainda contou que o filho afirmou que tentou acordá-la, mas que não conseguiu e, em seguida, Jairinho o pegou de novo e, dessa vez, saiu de casa com o menino.
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"Que o filho disse à declarante que, num certo momento, conseguiu se desvencilhar de JAIRINHO e foi correndo para o quarto chamando pela declarante; Que ele falou à declarante que a sacudiu, porém ela não se mexia; Que JAIRINHO, então, o alcançou e levou até o estacionamento, para dentro do carro; Que seu filho narrou que JAIRINHO colocou um saco plástico em sua cabeça e ficou dando voltas com o carro", declarou à polícia.
Débora também informou aos agentes da 16ª DP que em outra ocasião, também em 2015, seu filho quebrou o fêmur quando saiu com Jairinho para ser levado para uma casa de festas.
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"JAIRINHO saiu sozinho com ele, no intuito de levá-lo a uma casa de festas; Que, nesta ocasião, pouco tempo depois, JAIRINHO ligou para a declarante dizendo que o menino havia torcido o joelho; Que JAIRINHO retornou com ele, encontrou a declarante no Shopping e os encontrou no Centro Médico, levando a criança para fazer um raio-x, a declarante não se recorda em qual clínica; Que foi constatado que o filho estava com o fêmur quebrado; Que a declarante estranhou o fato dele não ter chorado em nenhum momento, diante de uma lesão tão grave", afirmou.
Mentiu no primeiro depoimento por medo do ex
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O primeiro depoimento de Débora na Delegacia da Barra tinha sido realizado no dia 22 de março, e ela havia negado as agressões por parte de Jairinho. Mas, na nova declaração, ela contou aos agentes que mentiu por medo do ex-namorado, pois ela já ameaçou ela e seus filhos.
A mulher confirmou aos policiais que Jairinho a agrediu tantas vezes que ela não era nem capaz de contabilizar a quantidade de vezes, mas que a violência começou em 2016, no segundo ano de relacionamento.
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"Que a declarante informa que a primeira agressão física ocorreu em 2016, quando a declarante mexeu no celular de JAIRINHO, uma vez que desconfiava que o mesmo estava se comunicando com a ex- mulher; Que JAIRINHO, ao perceber que a declarante mexeu em seu aparelho celular, "se transformou", segurando-a forte pelo braço, enquanto mexia no seu celular, dizendo que "sumiria" com a declarante, que iria simular um assalto, largaria a bolsa e o celular da declarante em algum canto e ligaria para sua mãe, dizendo que não mais sabia seu paradeiro", narrou.
E as agressões nessa ocasião não pararam por ai, segundo Débora. "Que JAIRINHO jogou a declarante no sofá, subiu em cima da mesma e passou a esganá-la, apertando seu pescoço; Que a declarante, sem ar, tentava dizer que JAIRINHO iria matá-la, pois estava sem respirar; Que então, subitamente, a feição de JAIRINHO mudou e ele largou o pescoço da declarante, dizendo "vamos dormir".
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Em outra briga, já em 2019, Jairinho teria dado um chute em Débora que lhe causou uma fratura, segundo ela.
"Que, dentre as agressões que já sofrera, a declarante também destaca uma ocorrida em 2019, em que após uma discussão, JAIRINHO teria dado um chute em seu pé, o que acabou por provocar a fratura de um de seus dedos; Sobre tal episódio, a declarante afirma que chegou a ser atendida em
hospital, especificamente no Pasteur, no Meier, tendo seus dedos do pé imobilizados", declarou em depoimento.
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Débora também disse à polícia que quando passava as agressões, no dia seguinte, ela questionava o companheiro do porquê ele a agrediu e Jairinho respondia que não tinha feito nada.